04 julho, 2002

Fantasia
O trabalho excessivo na Copa do Mundo me trouxe alguns efeitos de estresse: engordei, perdi cabelo, desregulei o sono, tenho sentido tonteiras, cansaço ao acordar. Mas nada se compara ao dano causado na alma e claro, na mente pela falta do ingrediente mais necessário que existe: Fantasia. Tá bom, o segundo mais necessário, depois da Música.
Já estava há um tempo grande sem ir ao cinema antes da Copa - e o cinema é como uma tela de descanso do computador: você pára mas não desliga. Aliás, acabou ficando meio trocadilho isso de "tela de descanso", mas é por aí mesmo - o cinema é um dormir vigiado. Minha mente sente a falta de cinema.
Música então, nem se fala. Foram muitos e muitos os dias que passei inteiro sem ouvir música, até por estar com o aparelho de som quebrado. O cansaço me fazia desejar apenas o som do ar condicionado para embalar o sono.
Drogas? A minha preferida, o vinho, não pôde aparecer porque o frio ainda não chegou. Nem mesmo a sensação da mente levemente embotada pela vodka eu tive, pois bebi depois de trabalhar na segunda-feira, e isso raramente é bom. Claro - beber é uma atividade para a qual o cidadão deveria descansar simplesmente o dia inteiro. É como um pajelança regida por um português com emplastro Sabiá transparente - no caso, o dono do boteco.
Sexo? É uma coisa muito boa, mas está obviamente em lugar intermediário dentre as minhas necessidades vitais. Em primeiro lugar, se eu fosse tão dependente de sexo assim eu já teria ficado maluco...maluco...maluco...maluco....maluco....Em segundo lugar, passei mais tempo da minha vida sem dúvida nenhuma ouvindo música do que trepando (claro que quantidade não é qualidade em nenhum dos dois ramos). Em terceiro lugar, no mês que passou tive certa dificuldade para encontrar uma mulher que quisesse sair comigo às duas da manhã - horário no qual eu estava vivendo. Sem contar que sexo para mim é como ataque em esquema 4-4-2: os dois parceiros precisam se conhecer bem antes, senão ninguém sabe onde meter as bolas certas.
Em suma, durante a Copa que passou, posso dizer que eu vivi como um verdadeiro remador de galera romana - com a diferença que eu uso desodorante. Sem cinema, música, drogas (as que eu uso), sexo, enfim, vivendo de ar, trabalho, e pão com manteiga que os caras traziam seis horas da manhã para a gente comer.
A fantasia foi totalmente suspensa. Essa semana, estou no piloto automático - mas a partir do sábado, estarei de folga, três dias pelo menos, para recobrar as energias. Aí sim, conseguirei pensar em alguma coisa para escrever aqui nesse tão esquecido blog.