20 março, 2002

Susto
Às vezes acho que o mau humor do Gustavo é pouco para o caos que a gente vive. Ontem, com aquele calor, voltando pra casa a pé, por volta das dez da noite, resolvi cortar caminho pela Rua Conde de Baependi, em Laranjeiras, que estava surpreendentemente iluminada e ainda movimentada. Alguém andando atrás de mim. Desconfiada, parei para dar passagem, mas o homem passou os braços no meu ombro, me abraçando, e veio me puxando dizendo “vem comigo, vem comigo e fica quietinha”. Olhei para as mãos dele, nenhuma arma, canivete, nada. Olhei pro outro lado da rua, três seguranças do Restaurante Savana, em frente. Reação: dei um ataque histérico, empurrei o cara dizendo “que vem comigo é o c....lho!!!”, e gritando feito uma louca “me larga, me larga, me larga!”. Nisso passou a polícia e eu gritei ainda mais. Você parou? Nem eles. Devagarzinho eles olharam como se fosse normal uma pessoa gritando no meio da rua. Eu ia atropelar aquele cara, juro, quer dizer, eu ia arremessar ele no meio da rua e os carros ali vêm em alta velocidade. Depois de me desvencilhar dele, corri para trás e ele ficou gritando que “queria saber do Sandro”, para disfarçar para os policiais, como se me conhecesse. Os seguranças do restaurante vieram me socorrer e eu fiquei trêmula e talvez mais branca do que já sou. A polícia passou exatamente na hora, mas e daí? E se ele estivesse armado? Eu não tinha nem dinheiro pra dar pro filho da puta. Que merda. Acho que tenho sorte, ainda bem. Mas fiquei preocupada. E assustada. Também um pouco irritada. E ainda querem bom humor? Bom, há pelo menos uma razão para sorrir: o outono chegou.