16 março, 2002

Retrato do desgoverno, da miséria, do descaminho, do estado de guerra civil em que estamos entrando
A mensagem abaixo me foi passada por uma pessoa da mais absoluta confiança, que confirmou a veracidade da história. Aliás, o tema virou matéria de O Globo na semana passada. Leiam e pasmem.
Escrevo para relatar um episódio que ocorreu comigo na Linha Vermelha.
Domingo a noite, em torno de 18h45 h, eu estava passando pela Linha Vermelha em direção a rodovia Presid. Dutra quando o motor do meu carro começou a parar. Eu estava entre Duque de Caxias e São João de Meriti (ao lado da favela do Lixão). Como o carro parou de funcionar, fui para o acostamento e imediatamente solicitei o reboque à minha seguradora (Unibanco Seguros).
Já havia solicitado o reboque há mais ou menos 15 minutos, quando avistei um sujeito de bicicleta sem camisa vindo em minha direção. Logo imaginei - "Serei assaltada". Não havia muito o que fazer em tal situação: estava sozinha, com um carro que não queria pegar e em um local ao lado de uma favela, ou seja, não podia ir a lugar algum. Então aguardei meu destino.
Dito e feito. O cara se aproximou do carro, onde eu estava, colocou o revolver na minha cabeça e mandou que lhe entregasse todo o dinheiro que havia em minha carteira. Diante de tal situação, eu tentei argumentar e não ter uma reação tão passiva porém ele tomou minha carteira, retirou o dinheiro e foi embora de bicicleta.
Para o atual Rio de Janeiro, isso é "normal".
Dez minutos após, passa uma viatura da polícia e eu fiz sinal para que a mesma parasse. Ao relatar o que houve, o policial falou apenas que isso era "normal" e que eu deveria chamar o reboque. Eu informei que já havia chamado o reboque da seguradora. Porém o policial disse, que esses reboques não entram na linha Vermelha, pois é proibido!
Na mesma hora eu liguei para seguradora, contando que já havia sido assaltada e exigia o reboque, e para minha surpresa ela confirmou que não poderia enviar um reboque à Linha Vermelha pois, segundo a seguradora trata-se de uma "via monitorada (?) e com telefones de 100 em 100 metros(!!!)". Qualquer pessoa que passe por ela hoje em dia, sabe muito bem que isso não é realidade. Se houver dois ou três telefones em toda extensão da Linha Vermelha é muito!
O policial também não concordava com a impossibilidade de reboques entrarem na via, que é administrada pela DER (Depto. de Estradas e Rodagem). Ele me contou que o DER paga a concessão de reboques exclusivos a 15 companhias distintas, porém dessas 15 que recebem dinheiro somente trabalham na via de três a cinco companhias. Ele contou também que carros que tem problemas de madrugada, as vezes esperam de duas a três horas pelo socorro.
É um absurdo!!! Vc como cidadão paga seus impostos, paga por um socorro privado (seguro) e quando necessita não pode utilizá-lo porque só os reboques autorizados trafegam pela Linha Vermelha. O DER, alega que ele mesmo lhe fornece esse socorro, só que ele é tardio demais para uma via sem segurança! A instituição deveria oferecer um serviço decente de acordo com as condições reais do local, ou permitir que as pessoas busquem seu próprio socorro.
E vc fica no meio disso tudo a mercê dos bandidos. Pois além de tudo, a via está com sua iluminação precária, os próprios traficantes quebraram diversas lâmpadas para melhor realizar seu "trabalho".
Agindo dessa forma, o DER somente atrapalha e além de tudo coloca nossa integridade física em alto risco.
Os policiais, muito gentis, me contaram que estavam passando ali por acaso, pois eles estavam indo em direção a um shopping na via Dutra. Eles perguntaram se o meu celular poderia fazer alguma ligação e eu disse que sim. Logo, eles me informaram o telefone interno da central do DER onde eu poderia solicitar o reboque. Se o policial não estivesse alí, como eu iria saber desse telefone?
Então, eu, do meu telefone (pois se não tivesse um estaria ferrada!), liguei e solicitei o reboque ao DER. Os PMs ficaram comigo até a chegada do reboque que após essa última ligação demorou 35 minutos para chegar ao local. 35 minutos para um lugar deserto e perigoso é muito tempo!
Divulguem isso, pois esse descaso não pode continuar. Sei que não fui a primeira e tampouco não serei a última pessoa a passar por isso. Segurança é dever do estado e temos o direito de ficarmos perplexos com tais acontecimentos. Espero que isso não ocorra a vcs, mas sejam precavidos e anotem o número do socorro da linha Vermelha: 2584-4245."