Por que?
Quarta-feira, 13 de março de 2002. O dia está ensolarado. Há quatro anos também estava. E, naquela data, por volta de meio-dia e meia ela já se perguntava “por que?” sem resposta. Lembra-se de ter descido apressada as escadas de um prédio antigo, com corrimãos de mármore, dezessete largos degraus em cada lance, oito andares. O calor daquele dia é que parecia o responsável pelo derreter dos seus olhos. Mas ela sabia que não era. Sabia o que a entristecia, mas não entendia por quê. Também não encontrou palavras para expressar o vazio de alguns segundos de pensamentos brancos, aqueles que ocorrem quando se está com os olhos fixos em nada mas com o coração batendo forte.
Hoje ela ainda mastiga esta pergunta feito chiclete. Por que? Não há quem a responda. Nem nunca haverá. Ela sabe que o único homem capaz de respondê-la perdeu-se entre o responder e o partir. Empurrado pelo livre arbítrio ou pela mente alienada, ele foi. Mas o desejo de ouvir uma resposta não se dissipou. Apenas murchou. Aonde encontrá-lo neste inconsciente confuso com a resposta nas mãos?
Comprou, então, duas rosas: uma branca e uma “cor de mãe”. Levou-as para a velha, tais como vieram ao mundo, com espinhos e sem enfeites de papel nem fitas. Lembrou-se, depois, de uma canção triste. Era hora do café da manhã. Comeram juntas bolo com café e conversaram. Sua mãe percebeu que as flores eram, também, uma resposta para o porquê da beleza das vidas que brotam, abrem-se e morrem. E o dia transcorreu feliz.
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