15 março, 2002

Andando por aí com dor-de-cabeça

- Um camelô atormentado gritava ontem na rua do Catete: "se for duro não precisa parar aqui nem pra olhar. Aqui os durinhos-da-silva nem param".

- Uma moça com cabelinho Chanel e andar rebolativo desfilava pela Avenida Rio Branco com uma saia estampada com um coração enorme. Dentro, a bandeira dos Estados Unidos. Só quem andava atrás dela viu. Significativo.

- Um outro camelô, desses que entram pela porta da frente no ônibus, entrou deixando de lado o discurso decorado pela maioria dos vendedores ambulantes. Falando com ótima dicção e criatividade as qualidades dos biscoitos amanteigados de goiaba que estava vendendo, bem arrumado, com pinta de ator canastrão, o cara vendeu pra 90% dos passageiros.

- Um grupo vestindo blusas pretas escrito "P-36, VOCÊ ESQUECEU, NÓS NÃO" passou em direção à Cinelândia ainda há pouco.

Eu fui à Rua da Assembléia resolver um probleminha mas estou com muita dor de cabeça mesmo, dessas em que olhar em direção à claridade dói, pisar mais forte incomoda, abaixar a cabeça pra pegar algo que caiu é terrível. Pensar então, nem se fala. É preciso pisar macio, movimentar os olhos bem devagar, colocar a mão na cabeça pra imaginar que assim vai parar de doer, fechar os olhos em todas as oportunidades possíveis e relaxar, além, é claro, de tomar um analgésico, ora.