16 fevereiro, 2002

Sobre relacionamentos
É da índole de todos, homens ou mulheres, buscar no oposto o que se convenciona chamar de bonito - certo? Acho que quanto a isso não há dúvida. Senão eu receberia propostas de casamento ao invés de ouvir cinco vezes por mês a frase "você é um cara legal, mas...". Mentira, nem ouço essa frase, mas é só para exemplificar.
Bom, sendo ponto pacífico isso, passemos para outro raciocínio: amor, como eu disse uma vez (isso de citar a mim mesmo e dando crédito é terrível, mas espero que seja a última vez), é uma mistura caótica de sonhos e hormônios. O que você sonha, o que você sente, o que seu corpo sente - enfim, o resultado disso indica o seu cônjuge ideal. No mundo atual, de superexposição da mídia, de culto aos rostinhos e peitorais, não é de se espantar que a parte "hormônios" da minha definição de amor prevaleça (calma, já estou chegando lá...). Afinal, junto com o "amor" em si ainda tem o poder, o reflexo no meio e na sociedade, enfim, o mesmo que dizer que fulaninho tem mais prestígio no grupo se estiver comendo mulher gostosa - e vice-versa.
Observando alguns poucos minutos do Big Brother Brasil, reparei que eles são escolhidos a dedo, dentro de um padrão de beleza - até a mulher feia é feia dentro de um padrão global, uma mistura do que seria se colocássemos a Zelda Scott da Armação Ilimitada e a Catifunda dentro de um gigantesco liquidificador e depois congelássemos a pasta.
De certa forma, a seleção visual da mídia se aproxima muito do que seria nossa seleção visual - uma vez que estamos sempre sob influência dos meios. Ou seja, na época em que o Tiago Lacerda estiver em evidência, os caras parecidos com ele estarão mais aptos a encontrar uma parceira para reproduzir.
Olhando o que fazem as pessoas do Big Brother (a saber: falam "vou dar porrada" de cinco em cinco minutos, reclamam da comida, cantam jingles da Lu Patinadora e falam em "brother" o tempo todo, achando que o "brother" do título é da gíria e não o do Orwell), fiquei com uma certa preocupação:
Se essas pessoas que apresentam esse padrão correto de beleza estão mais aptas a se reproduzir, estaremos diante, a longo prazo, de uma seleção natural catastrófica? No futuro distante, todos serão como aquelas pessoas do Big Brother? Só eles se reproduzirão em breve? Bonitas mas incapazes de andar e mascar chicletes?
Bom, pelo menos ninguém vai jogar chiclete na rua.