Windows
Com certeza, este não é um post para falar de sistemas operacionais. E sim de um texto enviado pela Teresa, que a maioria das pessoas que eu conheço também conhece. Teresa anda trabalhando atualmente em uma assessoria de imprensa, depois de ter passado pelo IG e pelo calvário do Extra - o jornal, não o supermercado.
Ela falou sobre o assunto abaixo, numa troca de emails, e eu disse que ia publicar no blog. Como sempre, ela disse que não tem jeito para isso e não curte aparecer. Mas eu insisti. Notem que a moça tem estilo. Só não a coloquei no meu post "Mulheres solteiras e interessantes" (aquele onde anunciei Crib, Roberta e Alessandra) porque ela não está disponível no momento. Mas os interessados em se comunicar com ela podem me enviar mensagem, que eu repasso. Isso enquanto ela não me autoriza a publicação do email dela mesma. Mas, vamos ao texto:
Descobri aquela janela tarde da noite. Sempre tive o hábito de olhar dentro dos apartamentos quando passo de ônibus pelas ruas. Ajuda a passar o tempo. A luz do escritório estava acesa e a estante de madeira escura chamou logo a atenção. De fora a fora, do teto ao chão, lotada de livros. Sempre amei
bibliotecas e essas estantes de madeira imponentes. Foi inevitável associar as idéias. Então, a partir daquele dia, aquela janela da Raul Pompéia passou a ser a biblioteca. E eu sempre ficava atenta depois do túnel só para ver a biblioteca. Isso acontecia muito nos meus tempos de ...., quando eu saía tarde do jornal, exausta e ia batendo cabeça no ônibus na volta para casa.
Com o tempo, descobri que a biblioteca ocupava dois cômodos do apartamento e passei a observar o lustre, as cores dos livros e a mesa onde eu já imaginava um distinto senhor de óculos e cabelos grisalhos, um pouco careca. Isso me fazia bem. Era uma alegria meio de criança que olha um brinquedo na vitrine. Ficava frustrada quando passava e a luz estava apagada ou a janela fechada. Ainda fico. Várias vezes pensei em preparar um bilhete e carregar na bolsa para um dia tomar coragem e entregar ao porteiro.
Eu ia chegar, perguntar o número do apartamento e deixar o bilhete:
"Prezado morador do xxx, estou escrevendo só para dizer que o senhor tem uma linda biblioteca. Vê-la do ônibus é umas dessas pequenas coisas que podem fazer o meu dia mais feliz. Por favor, não feche mais suas janelas tão cedo".
Simples, curto, direto.
Fico imaginando qual seria a reação dele. Será que ele iria colocar grades nas janelas e mantê-las fechadas com medo de ser assaltado por uma louca? Ou será que ficaria na janela, olhando os ônibus para tentar descobrir a autora do bilhete? É engraçado que em todo esse tempo eu nunca tenha visto nenhum rosto na biblioteca. Com o tempo a gente podia se achar, mas sem dizer nada, sem fazer nenhum gesto. Apenas um olhar cúmplice. Eu passaria no ônibus, nos veríamos e assim que o ônibus se fosse ele fecharia a janela.
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