18 dezembro, 2001

Esperança

Sonhei que escrevia um texto sobre esperança e acordei verde. Passou pela minha cabeça que eu iria criar a melhor coisa do mundo, mas eu não sabia que era mentira, e me frustrei demais. Tenho certos sonhos que gostaria de ver filmados e assistir depois, comendo pipoca. Por exemplo, minha mãe sendo uma exímia pianista, imagina. Na sala de estar da casa dela, um piano de cauda, lindo, steinway, e ela bravamente tocando, com uma expressão de êxtase que nunca reconheci nela. E eu sentada, assistindo. Mas o assunto de agora não é sobre sonhos. É sobre esperança que eu quero falar, porque aquela folha que brotou no meu inconsciente ontem estava toda preenchida, linda, com um texto que eu sequer imaginei ter escrito um dia e – droga - eu acordei. Pensei sem pesar “que bom estar na Terra” quando estava ouvindo rock´n roll. Um monte de lembranças esquecidas há anos vieram surgindo com as músicas de uma época boa. Meu amigo ouviu comigo, mas ele quase não suportou de tão feliz e disse que estava em crise de trinta anos. Sessenta e sete por cento das pessoas acreditam que terão outra vida. Eu tenho vontade de morrer velha, gostando ainda de rock´n roll e futebol. É bom comemorar todos os dias enquanto estou aqui neste corpo. Sou muito descrente para esperar.