05 dezembro, 2001

Acordar cedo
Acho o ato de acordar cedo, principalmente no período que vai até sete da manhã - quando eu ainda estou no quarto sono, de uma série de dez - uma das coisas mais saudáveis que se pode fazer para corpo, mente e alma. Para o corpo, porque dizem por aí, sobre exercícios, etc. Para a mente, porque a luminosidade das primeiras horas da manhã causa mais reflexão, e para a alma porque dá a impressão do dia ter ficado maior, da gente estar vivendo mais, da gente poder fazer mais coisas no dia.
O meu único problema mesmo é dormir cedo. Não prego o olho antes das duas da manhã - e isso nos dias de bom sono. E detesto de todas as formas acordar com qualquer tipo de despertador, algo que passei quase dois anos fazendo todos os dias no jornal Extra. Aliás, eu estava no Jornal do Brasil quando o editor de cidade de lá - um sujeito do qual eu me considero inimigo - me chamou para trabalhar, só que em nenhum momento avisou que eu estaria escalado às 9h da manhã. Só disse depois que eu já tinha pedido minha demissão do Jornal do Brasil. Do contrário, jamais teria deixado o JB.
Para piorar, tinha que acordar sete e meia, NO MÁXIMO, e fazer tudo com uma baita de uma pressa. Outra coisa que detesto, acordar e partir para fazer tudo com pressa. Chegava na redação e ainda tinha que encarar uma chefe de reportagem que eu considero até hoje mais mal comida e mal amada do que uma esfiha podre do Habib´s. Aí, criei trauma com acordar cedo, mas de vez (a vida boêmia levada em 1998 também tinha sua participação nisso).
Mas até hoje, quando acordo cedo, tendo dormido bem, me sinto ótimo, como se o dia tivesse 24 horas, e não as 12 ou 13 que consigo viver.
Tudo isso é para recomendar aos amigos que não deixem em hipótese nenhuma de comprar o excelente "Alhos & Bugalhos", mais uma compilação da obra de Paulo Mendes Campos, da série editada por Flávio Pinheiro. São crônicas humorísticas, uma delas em que o cronista descreve seu estado de quase ameba ao acordar - muito parecido com o que eu fico de incomunicabilidade absoluta, até ler a milésima linha no jornal e beber uma xícara de café inteira. O livro é maravilhoso, um presente excepcional.
Aliás, para a Alessandra estou pensando em dar uma bicicleta nova. Essa manhã dela de hoje foi de lascar, pelo jeito.