05 dezembro, 2001

Olha a TPM aí, gente

O despertador tocou cedo. Liguei a televisão, notícias sobre a mudança na CLT e a crise na Argentina. Desliguei. O Billy Negão tenta, de todo o modo, conseguir uma fresta para fugir e apanhar ainda mais dos gatos da rua. Tenho vontade de deixar, mas acabo me irritando por ele querer ser o que é, um gato. Resolvi, então, ir à academia fazer ginástica às 7h, ainda com os olhos inchados e o corpo mole. Peguei a bicicleta e fui. As pessoas andam na rua às 7h da manhã com uma disposição invejável. Parece que estão há horas acordadas, acesas e interessadas. E talvez estejam mesmo. Enquanto eu ainda tentava trazer minha alma de volta ao corpo, eles estavam lá, rindo, andando, lotando a calçada. E eu de bicicleta, lenta lenta. Depois de quase atropelar estas pessoas, já chegando à academia, descobri que minha bicicleta é uma merda. Aquela cesta é um trambolho, a marcha é de plástico, quase caí e ainda culpei a bicicleta tentando explicar a barbeiragem para um vendedor de flores que ficou rindo da minha cara.
Eu gosto de correr, mas queria mesmo gostar de acordar cedo, talvez tudo fosse mais fácil e bem humorado. Na volta, um bololô de chiclete se embrenhou pela roda da bicicleta, esticando aquele fiapo nojento de uma roda à outra, o dobro de raios nos pneus, um espetáculo! Então, um caminhão me imprensou em um poste, contei até dez, e um milagre me salvou de não arremessar tudo, inclusive aquele mochilão que a gente leva porque vai tomar banho pra ir trabalhar e precisa levar a roupa, o sapato, etc. O banho fui tomar na casa da minha mãe, onde aconteceu o gran finale , na garagem: estacionei a bicicleta ao lado das outras todas, sem amarrar. Virei as costa e só ouvi o papapapapapapapapa pum. Todas as outras caíram, em sequência, a minha por último. Espero que o dia melhore. E a espinha no meio da minha testa também. Donde concluí que isso tudo foi culpa da TPM ou da minha vida boêmia se revoltando com essa mudança radical.