18 novembro, 2001

Amanhã é segunda
Pois é, a vida volta a ser um sacrifício de tempo, uma dedicação que a gente tem que ter mesmo desapaixonadamente, uma espécie de transar até quando não se tem tesão. Claro, às vezes a gente tem tesão - claro, porque jornalismo é acima de tudo isso. Ninguém seria louco de trabalhar nessa área cheia de demissões, empresas escravagistas, chefes nem sempre confiáveis, colegas idem, se não houvesse um mínimo de tesão, certo?
Mas na maior parte do tempo, seja o jornal em que você trabalha, existe aquele eterno provar, e aquela coisa de "a boa matéria de hoje é o embrulho de peixe de amanhã". Isso leva a uma vida estressante, uma competição torturante.
Amanhã é segunda-feira, mas pelo menos vou me lembrar das Noites Brancas (v. Dostoiévski).
Amanhã é segunda-feira, mas quero começar essa minha semana de doze dias bem descansado. Faltam três meses e 12 dias para eu poder tirar uma folga de 15 dias, imagine. Falta um mês e 12 dias para o Ano Novo. Pensar que o último eu passei com esperanças e terminei desesperançado, e esse, bem, esse quem sabe não é o contrário?
Amanhã é segunda-feira, e por isso parece que eu estou de embriaguez, escrevendo sem regras, sem aparatos, sem objetivos. Apenas deixando as letras se desprenderem do que quer que seja meu pensamento.
Será que essa semana consigo ir ao cinema depois do trabalho? Ali no Unibanco? Tentarei.
Bom, que seja então, que venha então a segunda-feira. Vou dormir e me preparar para ela.