16 novembro, 2001

Fla x Flu
Merecem o estardalhaço da mídia e o meu texto seco os torcedores e o time rubro-negros. Porque o futebol inspira fútil paixão, só por isso encarno a paz do branco, a esperança do verde e o vigor do grená das três cores que traduzem a beleza do meu time para mostrar meu espanto com essa enorme nação vermelha e preta que lota o estádio da minha cidade maravilhosa.
Sou insensível quanto às emoções das quais tanto se gabam os rubro-negros. Confesso até não entender de futebol pois, nesse jogo o que há para entender chama-se idolatria, e qualquer teoria ou estatística serão inúteis tentativas de vencer minha predileção e parcialidade contra o amor cego a um clube de futebol. Desvio, portanto, minha dissertação para o motivo que me leva ao Maracanã e a escrever esse texto: a paixão. Apenas para ter argumento e esquivar-me de discussões intermináveis.
Mesmo usando aqui toda a minha controvérsia citando as cores, a tradição, a paz, a esperança e o vigor unidos forte pelo esporte, serão os ídolos, os inúmeros títulos, a festa e a eterna rivalidade os verdadeiros personagens dessa história de milhares de atores. Bem vestidos, banguelas, pintados, segurando bandeiras, na geral, na arquibancada, confortáveis nas cadeiras especiais, todos são imprescindíveis.
Precisamos dessas reações histéricas de adoração, neurose disfarçada pelo termo “doente”. Há os que matam. Outros enfartam. Há quem finja não importar-se. Dentre todos existe eu. E você. Talvez sejamos pessoas normais. Talvez nós gostemos de futebol, simplesmente.
Nós curtimos a rivalidade da torcida e odiamos o outro time como se ele fosse o pior dos inimigos, só de brincadeirinha. Talvez saibamos que tudo isso é tolice e que o fato de admirarmos a brincadeira por ela mesma não nos influirá negativamente, será apenas uma roda-gigante como a nossa vida. Meu Fluminense hoje está em alta, mas ontem esteve na Segunda Divisão do Campeonato brasileiro, jogando contra clubes desconhecidos. A distinção é tudo o que queremos hoje. Mas estamos no meio do povo, mesclados na multidão. Dorme-se feliz aos domingos, ainda que o time perca, porque já será tema de chacota ou alegria adurante semana. Vale reclamar do juiz, do goleiro, mandar o técnico para casa, tudo, até que se tenha uma boa desculpa para o caso da derrota. Sou mulher, gosto de futebol e de escrever sobre isso. Tenho muitos argumentos, nenhum que te convença a ser tricolor. Também não quero. “Vive la diference!”. Sou tricolor de coração, sou do clube tantas vezes campeão. E tu és flamengo até morrer. O que é ótimo, pois no momento você é meu alvo predileto de gozação.