01 dezembro, 2002

Calor e automobilismo
Sábado de plantão, emendado com festa de aniversário do meu irmão na Tijuca. Claro, com uma lua de 43 graus. Saí do jornal já à noite, mas o calor era tão grande que parecíamos estar em Bangu às duas da tarde. Desnecessário dizer que o superbem-humorado motorista do táxi cagou solenemente para o fato de eu estar parecendo um estivador de tão suado. Mas conseguimos ir.
Marcele também tinha um compromisso de família, o que só piorou as coisas. Enfrentar eventos "sociais" sem ela é terrível, depois que a gente se acostuma. Evento "social" para mim é todo e qualquer evento em que eu não possa falar em voz alta a frase "PUTA QUE PARIU, MAS AQUELE LATERALZINHO É UMA MERDA, HEIM?". Pronto, está definido. Com os sogros do meu irmão na parada, impossível analisar o Anderson e o Édson, ambos do Flamengo.
Chego lá, e vejo dois rostos conhecidos. Três, com o meu irmão. Quatro, com minha cunhada. Sogro e sogra alheio eu não conto. Cuidando da boa temperatura do ambiente, dois ventiladores de teto razoavelmente eficientes. Porém, como em qualquer ventilador de teto, foram esquentando e em pouco tempo geravam ar quente. E houve ranger de dentes na hora em que foi necessário desligar ambos para soprar as velas. Acho que é por isso que há anos não sopro vela em bolo de aniversário: o meu é em janeiro.
Pintou lá uma amiga do meu irmão, Suzane. Não reconheci nem a porrada. Me cumprimentou e obviamente deu para notar que a moça também nunca tinha me visto mais gordo. Aí minha mãe esclarece: "Ela foi para a Bahia com a gente de carro". Depois fui fazendo associações e lembrei que é a Suzane que começou a correr no automobilismo, etc, em diversas categorias. E parece que ela já foi atriz, canta, escreve, faz coisas como se o dia dela tivesse 29 horas.
Só que aí calculei: "Porra, eu fui à Bahia de carro com meu pai em 1981. Caceta, são 21 anos idos. É tempo pra caramba. Se dizem que de sete em sete anos a gente troca as células, obviamente que já não fui eu que fui à Bahia com a Suzane, e sim outros tantos bilhões de células já mortas". Pensado isto, virei para minha mãe e decretei: "Definitivamente, isso foi em outra encarnação".
Ainda bem que ela não ouviu, pois é até gente boa. Nos deu uma carona, a mim e minha mãe, até em casa. Sabendo das atividades automobilísticas dela, não pude deixar de tremer um pouco quando ela se ofereceu, supergentil: "Ora, eu levo vocês". Pensei: "A 190km por hora? Ou a 330 mesmo?".
Bobeira minha, ela foi numa boa e nos deixou aqui enquanto contava de como conheceu Antonio Pizzonia quando moleque. Detalhe: com tudo isso, errou o caminho e nós, ao invés de irmos em direção à Praça da Bandeira, subimos o Alto. Mas percebemos todos o erro e voltamos a tempo.
Aí, chego em casa, ligo para Marcele e dá "fora da área de contato". Saco. Entro na internet. Tá tudo uma merda. E que calor. Bom, viva o ar condicionado. Vou dormir.