Fotografias recortadas, em jornais de folhas, amiúde
Cumprido o dever cívico do voto, comecei a arrumar algumas coisas no armário, para evitar a verdadeira batalha campal que foi a busca pelo título de eleitor perdido. Achei coisas do arco da velha. Fotografias de ex-namoradas, textos de amigos, cartas escritas à mão - há uns oito anos que não recebo uma mensagem escrita a mão (tirando, claro, um cartão maravilhoso que Marcele me deu quando começamos a namorar). Uma viagem no tempo, uma hora de revisar tudo o que foi feito. E pensei, calado, que poderia ter feito mais pelo meu amor próprio, poderia ter aceitado menos as pessoas como elas são, mas pelo menos, como na música, o acaso me protegeu - o acaso parece sempre me proteger, não é à toa que o acaso me levou a esse presente. Nos dois sentidos.
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