03 outubro, 2002

Respeito ao Rio
Quem leu o artigo do Elio Gaspari no blog do Maggi e concordou com o conteúdo, já sabe: a melhor candidata para governar o Rio é mesmo Benedita da Silva. E olhem que eu sempre fui contra votar em Benedita (por causa de sua associação com religiões evangélicas), nunca gostei muito da Benedita (achei que significava mais que tudo as concessões àqueles grupos radicais do PT), nunca pensei em tempo algum que eu fosse QUERER que a Benedita fosse governadora do Rio.
Mas hoje eu QUERO Benedita. Porque eu gostei da sensação que a governadora me passou: a de ser respeitado como pessoa, como cidadão, a de ter minha inteligência respeitada. No momento de gravidade, de blecaute de poder no Rio, de medo, Benedita deu a cara à tapa como governadora e como carioca, chegando ao ponto de pedir ajuda ao governo federal de quem o PT é adversário nessas eleições. "Quem está ameaçado é o processo democrático", disse ela, com toda razão, enquanto seus adversários faziam o papel mais rasteiro, imundo e desleal possível.
Benedita demonstrou uma altivez rara, um espírito cidadão, uma vontade política de acertar, de nos dar garantias. Demonstrou respeito. Se sujeitou a ter que ouvir "ah, ela pediu ajuda do Exército porque não teve competência", mas preferiu ouvir isso (uma grande mentira, já que o atual estado de coisas do Rio não é culpa dela) do que arriscar o processo democrático. Uma lição em palhaços como Anthony Garotinho (espero que o Deus dele e o nosso nos impeça de ter uma figura tão hedionda na Presidência) e Cesar Maia (um papel ridículo, o prefeito do Rio, que deveria se engajar no problema, passou o dia inteiro preparando o programinha babaca de televisão no qual ele iria criticar a Benedita - enquanto isso, a governadora trabalhava).
É o tipo de político que nós precisamos extinguir: cínicos, oportunistas, trapaceiros, enganadores da população. É inconcebível que um prefeito faça um papelão desses.
Já aderi à campanha Rosinha Não. E obviamente recuso meu voto para a Solange, porque não representa o novo, e sim a velha direita que acha que pode resolver as coisas somente com porrada (tá bom, umas porradinhas tem que ter, mas não é só isso). A velhíssima direita que coloca parentes de vítimas da violência na TV, chorando, e explora descaradamente seu sofrimento.
Que bom. Benedita em momento nenhum explorou o nosso sofrimento no último dia 30 de setembro. Sim, nessa eleição, a atual governadora, que incrível, é que representa o novo. O resto? É entulho autoritário. Aprendizes de Odorico Paraguassu.