Um rápido flash
Indo para o trabalho, cedo (adoro ir para o trabalho cedo, só não gosto é de acordar cedo, se é que compreendem essa contradição), uma pequena demonstração de como vida amorosa e auto-estima caminham juntas (e, no meu caso, caminham de mãos dadas para o abismo).
Vejo uma mulata impressionante, de cabelos negros, remexidos e molhados. Os olhos, negros como a cobiça. Um nariz que me faria tacar fogo no original da Mona Lisa de Da Vinci, se eu o tivesse. Mãos - eu reparo em mãos - alongadas, perfiladas, em harmonia com o resto do corpo. Quando ela andava, tenho certeza, em algum lugar tocava Mahler. Adagietto.
Pegamos o mesmo ônibus, e fiquei divagando, eu e minha libido (geralmente ela é que manda eu parar):
E se eu chego nessa mulata e pergunto (uma perguntinha delicada e de alto nível):
- E aí, amorzão? Vamos fazer um café com leite?
Aí, na hora, meu cérebro confeccionou a resposta, imprimiu e soltou direto na fôrma. Ela iria me olhar de alto a baixo (em décimos de segundo) e responder, firme:
- Com um leitinho desse tamanho ia dar pra fazer no máximo um "pingado".
Acho que nunca mais vou ver a mulata. Meu cérebro vai censurar e colocar uma imagem do Salomão Scwhartzmann falando sobre indexação.
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