13 julho, 2003

Gente sacana
Minha namorada, Marcele, perdeu o emprego. Na empresa dela, uma empresa de clipping (se alguém quiser saber qual, me manda um email que eu digo, só não vou publicar porque pode prejudicar Marcele), a gerente queria que ela assinasse um contrato afirmando que não prestava expediente aos domingos. Ela questionou, e por isso acabou demitida.
Não vale nem a pena chorar por causa disso, já que a muquiranagem do salário causava horror. Mas o que deixa qualquer um absolutamente puto da vida é saber que três dias antes da demissão o "good cop" (a chefe boazinha acima da gerente mas que finge não saber que a gerente é uma filha da puta) pediu que Marcele aprendesse novas técnicas de publicação no site. Ou seja, não havia intenção de mandar embora, foi tão-somente por causa do contrato.
Neguinho paga mal e ainda quer que o funcionário minta no contrato. Marcele trabalhava fins de semana alternados, sem folgas para compensar, ou seja, ela trabalhava sempre doze dias seguidos. Durante três meses.
Aí, volta e meia a gente pára pra discutir a marginalidade, a insegurança, a violência, etc. Marcele passou por isso mas saiu por cima, não precisa (por enquanto) do emprego, tem casa para morar. Agora, fico pensando no quanto empresários e patrões fazem coisas semelhantes por aí, pagando mal e atuando como escravagista. Aí ninguém entende porque um sujeito vai para o crime. Ninguém quer ouvir o cara (que viu pai e mãe trabalharam 30 anos para porra nenhuma) dizer a frase que incomoda: o crime compensa.
Eu bem sei que nenhum crime compensa. Mas gostaria de que nós pudéssemos voltar a dizer isso com mais convicção e também voltar a dizer que o trabalho compensa.
Quanto à empresa de clipping, só desejo que a gerente leve em breve um soco nos cornos de algum estagiário de saco cheio. Mais detalhes em breve no RH Negativo.