13 julho, 2003

Desejo de Lotar
A princípio, com um título desses, o leitor ficaria em dúvida se esse é um post sobre gordos em churrascarias rodízio ou sonhos eróticos homossexuais com o parceiro do Mandrake.
Na verdade, faço valer aqui a principal função, na minha opinião, de toda essa história de web logs: o desabafo.
Se algum sociólogo estiver sem nada para fazer, sugiro o estudo de um tema ainda mal explorado em nossas bancas universitárias: o desejo de lotar.
Partamos de uma premissa simples: todos nós sabemos que ir ao cinema no sábado à noite é completamente inviável. Hordas de adolescentes devoradores de pipocas, casais com dez anos de casados, senhoras de meia-idade, jovens, crianças em pencas, enfim, multidões invadem os cinemas, principalmente os detestáveis Cinemarks, onde ninguém tem alma, como em WestWorld.
O que eu pensei nesse sábado passado, quando passei com ela no Botafogo Escada Shopping para pateticamente tentar uma ida ao cinema foi o seguinte: se todos sabem que ir ao cinema no sábado à noite implica em um sério risco de ver o filme sentado no carpete, por que diabos, afinal, tanta gente vai?
Seria muito louco eu desejar que todos pensassem ao mesmo tempo, "É, cinema sábado à noite é impossível', e de repente ninguém fosse, e ficasse vazio? Sim, claro, seria. Mas não seria de todo louco esperar que no mínimo o bom senso fosse senso comum, e pelo menos as filas não dessem voltas e mais voltas na praça de alimentação.
Enfim, vou parar por aqui, senão vai ficar parecendo blog de patricinha, papo de reclamar de shopping. Mas que para mim existe uma estranha compulsão humana de ir a um lugar lotado, ah, isso deve ter sim.