01 abril, 2003

Um palpite sobre cinema
Tem algo que me irrita no filme médio americano, esses que muita gente chama de "filmes Meg Ryan": o falso anti-clímax. Na verdade, nem isso exatamente. O que me irrita mesmo é a musiquinha-incidental-de-final-feliz-em-desenvolvimento. Explico:
Depois de tudo resolvido, os bandidos ou sei lá o quê presos ou mortos, ou algo que corre paralelo na trama já bem definido, a mocinha sempre dá um corte no mocinho ou vice-versa; os dois tiram uma onda de amor impossível, sem nem saber por quê (vide Hugh Grant e Julia Roberts em "Notting Hill").
Aí, de repente, um dos dois resolve alguma coisa, e tomam um táxi, ou um carro, ou uma moto ou uma bicicleta, e correm até onde está o amado (a).
Na hora em que ele (a) toma essa decisão, a musiquinha muda, vira musiquinha de final. Aí dá vontade de levantar e ir embora. "Já sei, já sei, a mesma merda de sempre". Neguinho devia entender que ninguém jamais fará novamente um final feliz tão bom como o de Capra em "It´s a Wonderful Life".
Mas "Notting Hill" até que é legal. A cena final, com a Julia Roberts grávida no colo do Grant, é muito bonita - com a voz ao fundo de Elvis Costello cantando "She".