22 dezembro, 2001

The same old
Muito me comovem as músicas que tem a expressão "the same old" no título. The same old blue, the same old song, the same old rain, the same old love, the same old felling. Porque me dá a impressão, sim, caras, me dá a impressão de não estar completamente sozinho nessa maldita percepção de que as coisas, bem, as coisas são the same. Ou aquela velha frase (the same old), "eu já vi esse filme", e a resignação muda no lugar da indignação triste.
Pois é. Assim foi um pouco desse 2001, que vai chegando ao fim. Perdi uma das namoradas mais marcantes de todas - the same old blues - ganhei um emprego legal, de salário nem tão bom, mas gratificante, conheci mais gente, vivi mais ou menos as mesmas situações (o velho gin tônica do Lamas, a frozen do Puebla, o whisky da Matriz, o vinho das horas vagas). E cá estou eu pronto para outra. O ano que vem já não vem, já está aí, batendo as nossas portas, a nos lembrar que não são muitos os nossos reveillons nesse nosso vale de lágrimas.
Mulheres vão, mulheres vêm - mais vão do que vêm. Algumas ficam, mas não para estar sempre a seu lado, e sim para aguardar um pouco enquanto seus príncipes consortes não aparecem - esse, certamente, não sou eu. Nem príncipe, nem consorte - apesar de não ter tanto azar assim. Outras se queixam, umas reclamam, outras elogiam - mas eu fico meio de fora olhando, como a dizer, sim, eu entendo, mas seria mais legal se alguém me entendesse. Ah, bobagem, para que ser entendido? Espera-se aplausos junto com a compreensão? Bullshit.
O fato é que a odisséia continua, e de cada ano temos mais é que aprender. Apanhando, levando um tiro em cada perna e nos arrastando com os braços. E se vive bons momentos, cara, pode acreditar. Não era nem para ser assim, mas com alguma gana e força vital, superamos as merdas e do caos engendramos estrelas, como queria o tal Niezstche.
O Natal chega, e eu faço questão de agradecer em uma missa - mesmo não sendo religioso. Nunca se deve duvidar da força dos absurdos, do misticismo do imponderável. Deus? Quero ver alguém me dar provas de que Ele não existe, e provas palpáveis. Afinal, depois de ouvir Jimi Hendrix, não posso duvidar de mais nada.
Só posso prometer que em 2002 vou continuar aí, e que um tiro só não vai me derrubar de jeito nenhum. Herói ou covarde? - não sei. Na hora em que os heróis estiverem recebendo os louros de César, talvez eu esteja lá dando água aos covardes, estou mais próximo deles. É isso ai. Como disse um amigo meu, tá tudo dominado porra nenhuma. Vamos para 2002, e que as coisas mais alucinadas como o amor, a birita, o rock and roll e o futebol continuem mais vivas do que nunca.
E se mais uma vez eu for deixado de lado, que o vinho me seja leve - quero sempre mais uma garrafa.
Feliz Natal e Ótimo Ano Novo para todo mundo que leu esse blog nos últimos dois meses.