06 novembro, 2001

Desabafo
Estou cansada!
De fazer o que não gosto, de não ter dinheiro, de chorar, de precisar desabafar.
Será um túnel sem fim a vida que me foi dada? Se cansei é porque andei demais, ou estagnei demais, ou porque já não tenho mais disposição, ou porque a tenho transbordante, talvez por ser essa balança que ora sou, porque vi muita gente chorar, morrer e se extenuar, gente sem comida, sem eira nem beira. E, por isso, nem reclamar eu posso. Porque “existem coisas piores”, todos dizem...Mas, catzo, eu não sou a Polyanna e nem a admiro e, além disso, dor não se mede. Dêem licença para a minha profunda irritação desse final de dia. Foi um amanhecer azul e poético e o final da tarde chegou como um temporal de verão, todo cinza, pesado, gotas enormes, só que de choro.
Querem mais?
Oscilo e oscilo e oscilo e oscilo e meus dedos no teclado dançam conforme meus sentimentos e agora é agora, ir embora, senhora, acalme-se, eu repito, acalme-se, Alessandra Archer. Estou cansada e não encontro meios de descansar. Chega o fim do ano, e daí? Meu aniversário e os 30 anos. Quanto a isso, sem problemas. O conselho é: desprograme-se. Um kamikaze pode seqüestrar um avião e entrar pela sua janela no exato momento em que você marcava um cineminha com seu namorado(a). Exagerei. Mas você tem planos, não tem? Todos têm. Fazer o que der na veneta. Tocar agogô. Dançar forró com um australiano em frente ao Museu da República. Deu-me na veneta de escrever, acalmar-me-á. Psicografia, parece, onde já se viu “acalmar-me-á”? Efeitos...só efeitos. Colaterais, devo dizer.
Nadar, nadar e morrer na praia. Que seja no Arpoador, então.
Em tempo: não pretendo me matar (não resolveria; o Gustavo continuaria a escrever tristemente o Blog, o Fluminense continuaria ganhando do Flamengo, a minha sobrinha logo cresceria, o Billy Negão sentiria minha falta, as festas continuariam a pipocar, a guerra blablablabla......não tenho a pretensão de achar que vou interromper o andamento do mundo).