26 setembro, 2002

Toda nudez será valorizada
Conversando noite dessas pelo telefone com o emérito filósofo, cachaça e biltre Maloca, pensamos em uma nova campanha para colocar no ar - uma campanha justa, de peso, à qual ainda não posso confirmar adesão porque preciso antes conversar com Marcele.
O mote da campanha é "Diga NÃO ao Papparazzo". Pelo seguinte: ao longo da década de 70, quando existiam no máximo a Privê e a Homem como revistas de mulher pelada no mercado (isso no mainstream), a mulher lutou contra a opressão e a censura, para poder se mostrar como veio ao mundo. Até então, o único nu frontal da História recente do Brasil tinha sido o de Norma Bengell em "Os Cafajestes", no final da década de 50 (ou início da de 60, não lembro agora).
Grandes divas da putaria nacional levantaram a bandeira de defesa do direito da mulher posar pelada. A saber: Rose di Primo, Helena Ramos, Aldine Muller, Sônia Santos, e a saudosa e já falecida Sandra Bréa. Foram mulheres que sofreram repressão em casa, da família, do Estado, da sociedade, simplesmente porque mostraram peitos e pêlos em revistinhas de sacanagem.
Pois toda essa luta pode ter sido em vão: agora, se observarmos sites como Papparrazo (Globo.com) e The Girl (Terra), veremos que a picaretagem domina o setor. Como disse o Maloca, "neguinho vai lá, dá cinco milzinho na mão de uma incauta qualquer, e se estabelece a relação: caso seja um sucesso, o dono do site fatura em page views e publicidade, a incauta faz um pré-sucesso que a levará à Playboy". O detalhe sórdido: a mulher SEMPRE poderá negociar com a Playboy dizendo "Meu nu é inédito". Claro, pois taí a grande picaretagem: as mulheres, ao contrário dessas guerreiras da década de 70, posam COMPLETAMENTE VESTIDAS. Com a desculpa de "ensaio sensual". Como diria o Gaúcho, "bullshit". Sensual uma pinóia.
Portanto, conclamo os companheiros a essa greve: não acessem o The Girl, o Papparazzo e não comprem a Vip, especialista em revistas de mulher vestida. Não podemos perder as conquistas daquelas heroínas da década de 70. É proibido proibir!