08 setembro, 2002

Mate-me por favor: um doce e retumbante fracasso
Me senti como diretor desconhecido estreando remontagem de peça famosa. Os atores acabam olhando para um ponto só da platéia, pois é onde estão sentadas duas velhinhas - que sequer vierem da van - que não estão entendendo absolutamente porra nenhuma. Assim foi a Mate-me por favor, um fracasso maior do que jogo entre times já desclassificados da fase final. O pior de tudo: eu achei engraçado...
Dizer que não foi ninguém seria sacanagem com algumas pessoas: minhas amigas Carolina Benevides, Ana Luisa Nascimento Silva, Eleonora Alves e Marina Boechat (as duas primeiras solteiras, as duas segundas "a cotê un valet"). Puxa, que sobrenomes mais "coluna social". Outra presença com a qual eu não contava e me surpreendeu agradavelmente foi do amigo Kurt Antunes Coimbra, também devidamente acompanhado. Do jornal, ainda foram Silvia e Marcão, que não são casal mas dançavam como um. Calma, eu não toquei música lenta, só quis dizer que ambos estavam bem entrosados na dança.
Enfim, ao todo foram umas 35 pessoas (40, se incluir uns cinco desconhecidos) - em diferentes horários - incluindo as que eu já esperava e contava: Sérgio Maggi, Maloca, o casal Vi-Zi, a minha namorada e a irmã, esta acompanhada. Frase engraçadíssima de Edmundo: "Tava uma merda? Ué, eu achei a melhor festa da minha vida: estava com minha mulher, meus amigos, bebendo, colocando as músicas que eu queria...". Maloca talvez não lembre, mas disse: "Isso aqui é minha casa, é a gente ouvindo música mas sem o filha da puta do síndico para descer reclamando e torrando meu saco".
Fechamos a noite com uma seqüencia de músicas do Sidney Magal, depois ouvimos os hinos, pasmem, de Vasco e Flamengo. Com Edmundo se divertindo tanto, fiz questão de homenageá-lo, a ele e a minha cunhada, que foi para lá e acabou dividindo a função de "door" com Marcele. Sim, isso mesmo, nem o porteiro que eu contratei foi na Mate-me por favor da sexta passada...
No final, a conta pareceu coisa do filme Blues Brothers, quando os caras vão tocar em um lugar mas acabam bebendo mais do que o cachê: seis meninas (não sei quem foi) saíram sem pagar, oito pessoas entraram e saíram rapidinho sem consumir nada (portanto sem entrada), um total de 14 pessoas pagaram entrada: ou seja, 70 reais. Aí, mandei somar o meu consumo de birita com as cartelas de Marcele, Gabriele (minha cunhada) e Victor. Deu 40 reais. "Então me dá trinta aí e tá tudo certo", eu disse para a caixa da Spin. Recebi os trinta. Eu e Marcele fomos ao Cervantes, comemos um sanduíche cada um, eu tomei um chope. Arredondando, com dez por cento, nossa parte deu 20 reais. Paguei. E saí, feliz, da noite, com a módica quantia de dez reais no bolso, procurando não lembrar que eu tinha gasto 12 de táxi até a Spin....
O mais engraçado é poder notar, sem demagogia barata, que no fundo é verdade quando os filmes de Frank Capra dizem que amigos valem mais do que dinheiro: eu ali, final de noite, sabendo que estarei falido durante o mês, mas de uma hora para outra eu me peguei feliz como pinto no lixo (royalties para Jorge Perlingeiro): estava ali, eu, minha mulher, meus amigos, colocando a música que eu queria...
Bom, dia 27 de setembro tem mais - espero, com dois aniversários (um já está fechado). Obrigado a quem foi e a quem divulgou no jornal "O Dia"...