01 fevereiro, 2002

"Sem graça, desagradável"

Houve uma época em que pra tudo o que eu fazia de bobo e ridículo meus irmãos cantarolavam este refrão: "sem graça, desagradável". Isto significava que eu deveria enfiar o meu "rabinho por entre as pernas" e concordar que a minha brincadeirinha não teve a menor graça e pensar numa outra melhor. Então, eu comecei a perceber que eu realmente não tinha menor vocação para contar piadas, para o humor, embora eu adorasse rir e me divirtisse bastante com as coisas. Ainda continuo assim, gostando de rir mas sem o tal dom. Se eu invento de contar uma piada, é certo que vá esquecer bem no meio. Sem contar os gestos sérios e duros que não são próprios de uma pessoa desprendida e engraçada. Então, me perdoem quando eu tentar ser cômica (dizem que a minha graça está no meu jeito desengonçado de tentar ter graça). Entendam que não haverá razão para rir porque não será engraçado mesmo. Mas saibam que é só uma tentativa pra ver se fujo um pouco dessa angústia assombrada que me persegue, nada demais. E podem roubar o refrão "sem graça, desagradável". Obrigada.