Fossa, fossa, fossa....
O texto abaixo saiu esse ano no dia dos namorados, no site da LOUD. Eu estava, bom, dá para perceber pelo texto, na fossa total, e na maior disposição para sair dela. O importante é isso...QUERER sair da fossa, mesmo assumindo que tá tudo uma merda. Mas é isso.
12/06/2001
Não poderia deixar de aproveitar a ocasião do Dia dos Namorados para atualizar a coluna. Como dizem as lojas de saldos, “oportunidade única”. Bom, para começar, devo declarar minha total isenção jornalística em relação ao assunto. Sim, mundo, estou como vim a ti. Não, não quis dizer pelado, e sim solteiro. Mas nada de ouvir Jewel, aquela gracinha das músicas deprês. Dia dos Namorados tem que ser sempre pra cima – ora, vamos, você aí que está solteiro ouvindo a rrrrrrááádio Loud, não se desespere, pense nas vantagens: você pode ver os jogos do Campeonato Italiano sem ninguém do seu lado para dizer que o Batistuta é “lindo”! Imagine só! E não é só isso: são menos toalhas para lavar e uma fatura de cartão de crédito menor no mês de julho, dependendo da data do seu vencimento. Sim, claro, porque namorado que é bom gasta uma baba, mermão. Se não, nem vale a pena botar o pé na rua. Flores são mais que imprescindíveis. Adorável um texto do Scott Fitzgerald em que ele divide as despesas necessárias de outras despesas adicionais, e a gente nota que ele coloca as flores como despesas prioritárias – e é um puta de um derrame. É isso aí, rapaziada. Dêem flores. Elas merecem, mesmo que no fundo não mereçam.
Na última atualização da coluna, falei sobre as melhores músicas para fossa. Recebi um email com uma ótima sugestão: as melhores músicas para levantar o astral. E não vejo ocasião melhor para levantar essa bola do que essa. Bom, já começo com os imortais Rolling Stones, com uma música do Sticky Fingers, mas que você deve ouvir de preferência a versão daquele discaço chamado Stripped: “Dead Flowers”. Nada é tão “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima” do que aquilo. Música para ouvir se enxugando do banho, antes de sair de casa. A letra é um primor: “I know you think that you´re the queen of underground/but you can send me dead flowers every morning/send me dead flowers by the mail/ and i won´t forget to put roses on your grave”. Precisa traduzir?
Da alegria de “Dead Flowers”, passemos à porradaria incandescente de “Fire”, do Jimi Hendrix, e “Won´t get fooled again”, do The Who, duas músicas para serem ouvidas em seqüencia, de preferência bêbado e urrando na hora do refrão. Ê, decadência!, dirá alguma ex-namorada, se te vir assim. Não liga, cara. Mulher tem que aprender a gostar de quem se emociona de verdade – ainda que você possa ser considerado até um bobão meio junkie.
Depois desse início de tirar o fôlego, caia no Velvet Underground. Como? Fossa? Tem razão, mas tem uma que é maravilhosa para essas ocasiões: “Beginning to see the light”. Se der, coloca também “Who loves the sun”, que é da trilha sonora do Alta Fidelidade. E não se esqueça de cantar junto.
O irlandês Rory Gallagher é infelizmente desconhecido para muita gente. Mas é quase imbatível em termos de músicas para salvar a vida de alguém depois de um pé na bunda. Do excelente CD BBC Sessions destaco uma que é insuperável: “Take what i want”. Para ouvir imitando o baterista e gesticulando os braços.
Se nem assim sua fossa diminuiu, malandro, o jeito é partir para a ignorância: MC-5 com “Kick out the jams” ou Nirvana com “Heart-Shaped Box”, do maravilhoso In Utero. O problema é que a fossa vai passar, mas virá uma aporrinhação duca na próxima reunião de condomínio. E a exemplo do que já recomendei no texto anterior sobre a “fossa rock and roll”, não se esqueça de encerrar a sessão com “The One I Love”, do REM. Pronto. Parte para outra, meu filho. E não vá em festas organizadas por mulheres que sejam destinadas aos “solteiros em dia dos namorados”. Elas vão passar a noite falando de homem – e você não estará na lista, senão elas não te chamavam, porra. Chame seu melhor amigo e tome um porre de vinho. E como dizia o Bukowski, espere pelo próximo páreo dessa vida maluca.
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