Duas coisas da década de 70
Alessandra Archer citou, nos últimos posts, duas coisas da década de 70 que eu bem achava que era só eu que me lembrava: o restaurante Parque Recreio, o preferido de meus pais, e a música "Lenda do Pégado", do Moraes Moreira, do disco chamado, se não me falham as sinapses, "Bazar brasileiro".
O Parque Recreio é o tipo de lembrança estranha, porque hoje em dia eu não sei onde ficava. Quer dizer, ficava na Rua Marquês de Abrantes, disso eu lembro perfeitamente bem. Meus pais moraram lá antes de eu nascer. Mas eu não sou capaz de apontar o prédio certo em que ficava aquele espetacular restaurante, onde eu vivi alguns dos melhores momentos de minha infância, com suas entradinhas de delicioso pão de queijo (entre outras coisas), e principalmente sua pizza inigualável - meus pais comiam outras coisas, não pizza. No Parque Recreio que meu subconsciente se acostumou a me fazer sentir com fome ao ouvir a palavra "couvert". O de lá era incrível mesmo. Ou eu é que era muito feliz, achando que o mundo era só a paz da minha casa e a felicidade de estar com os pais numa mesa de restaurante.
Já a do pégaso, era de um disco que tinha músicas que ficavam fácil na cabeça da gente. "Meninas do Brasil", "Meninos do Brasil" ("Os amaros, morenos, e davis/os pablos, pedrinhos, todos esses guris/Vão botar pra quebrar/Lá pelo ano 2000" - Moreno e Davi até apareceram um pouco, né?), "Forró do ABC", "Tapioca de Olinda" e "Cabeleira de Berenice".
Eu achava que era música para menino complexado, tímido, meio fudido, que nem eu era (?). Mas implicava com a rima de "discute" com "abutre". Ainda respeito aquele disco, mas a minha nova lenda do pégaso hoje em dia ainda é "Fake Plastic Trees", música para adulto complexado, tímido, meio fudido.
Enfim, quando alguém diz que "era feliz e não sabia" nos anos 70, eu discordo. Eu sabia, e ainda sei.
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