23 abril, 2003

Em construção
Talvez eu passe a ser conhecido como o Jânio Quadros dos Blogs - em 1961, o cara renunciou para tentar "voltar nos braços do povo". Eu queria mesmo fechar o blog, mas diante de manifestações de pessoas que eu nem sabia que liam esse blog, decidi continuar com ele.
Maurício Neves, Juan Saavedra, Renato Salles, Renato de Alexandrino, Alexei Gonçalves, Teresa Tavares, Maria Cristina, André Monnerat, Roberto Chahim, Bud Love, Dona Lupa, Urso Polar do Alaska, Dani-Ella foram as pessoas que me enviaram emails (até 15h desta quinta-feira) dando uma força e a maioria achou que eu deveria continuar, mesmo sem comentários. Maria Cristina acha que eu devo colocar comentários.
Enfim, acho que vou continuar com esse exercício de narcisismo, de ego, que mantenho desde novembro de 2001. Não há vergonha nenhuma em dizer isso - alguns dos nossos chefes no dia-a-dia fazem exercícios de narcisismo o tempo todo. Pelo menos o meu não vai nunca causar a demissão de ninguém.
Assim, este blog está em construção, e voltará em no máximo uma semana, com novo nome - mas o endereço é o mesmo.

Aqui havia um post meio emputecido
Agora coloco os créditos devidos: todo o redesenho e lay-out da nova página é de Marcele, a pessoa que mais fez campanha para eu voltar a escrever aqui e não só sobre futebol lá no Nove Meses.

22 abril, 2003

Das dificuldades de pagar com cheque
É o tema da historinha publicada no RH NEGATIVO, sobre algumas dificuldades vividas depois que meu HD resolveu ir desta para uma melhor neste fim de mês sem dinheiro.

21 abril, 2003

Novo endereço do PROJETO LEMES
Devido a inúmeras cagadas do HPG, a página do Projeto Lemes, site relativo ao já conhecido projeto de especialização em Marketing, mudou de endereço, passando para o http://www.projetolemes.kit.net/.

16 abril, 2003

Nove meses
Vamos ver quantas rodadas vou agüentar, mas o fato é que insisto e coloco no ar mais análises sobre o Brasileirão lá no Nove Meses - sempre contando com a ajudinha na divulgação da parada.
E hoje estarei lá na casa do dono da birosca torcendo contra o São Caetano.

15 abril, 2003

Passa lá no RH
Quantos de nós já não tremeram ao som dessa frase? Mas dessa vez é tranqüilo, só para avisar que tem história nova lá no RH NEGATIVO (http://rhnegativo.blogspot.com) , o blog de Westworld, onde ninguém tem alma (alguém lembra desse filme com Yul Brinner? Pois é).
A história que foi colocada hoje lá é escabrosa. Você já pensou em perder um emprego porque tem qualificações demais? Acha que é possível? Não? Você está enganado!

14 abril, 2003

Mais um blog bom
Já o citei aqui, mas faço questão de insistir: é muito bom o blog Quantamerda - os perfis pessoais (uma idéia boa do dono, que tenho vontade de imitar) são engraçados mesmo não conhecendo as pessoas. E quem der uma boa olhada nos arquivos vai achar assuntos muito interessantes.

Pé no chão
Tá certo, eu estava engasgado com o Fluminense, e no post abaixo eu me excedo um pouco. Mas no blog Nove Meses estou mais pé no chão com esse time do Flamengo que ainda vai estrear de verdade no Campeonato Brasileiro. É só clicar.

Um domingo perfeito
Difícil um domingo ser melhor. Encontrar com Marcele na casa do dono da birosca, ir de carro com o Maggi pro Maracanã, sem problemas de engarrafamento e sem correria. Estacionamos num lugar perto e tranqüilo, compramos ingressos para todos sem fila e sem tumulto, subimos a rampa, encontramos excelentes lugares, lanchamos.
De repente, aparece no placar: Vitória 2 x 1 Vasco - todos se levantam e festejam, alegremente. O time entra em campo, alto astral na área, Índio, ex-atacante, sendo homenageado. Logo está dois a zero. Eu estou ao lado dela e meu time está ganhando - puta que pariu, não quero mais nada na vida.
Segundo tempo, meu lateral dá um lençol dentro da área, esculacho. A torcida, feliz, emocionada, começa a gritar "é chocolate", logo depois de ninguém menos que Fábio Baiano dar um lençol de lambreta em Zé Carlos e entrar para a história do Maracanã. Eu abraço Marcele, e a nossa vida ali é boa, tudo parece estar resolvido, tudo parece ter dado certo - os salários baixos que ganhamos, as incertezas, nossas ansiedades, tudo isso parece sumir, por um momento, quando Fernando Baiano dá um chute de cabeça e determina 4 a 1, esculacho, chocolate, massacre no Maracanã, com direito a lambretinha, lençol dentro da área, caneta de Athirson, toques de calcanhar, enfim, barba, cabelo e bigode.
Eu e Marcele estávamos para sempre vingados, daquele 15 de março, aniversário dela, em que o Flamengo perdeu vergonhosamente. Depois, comemorações no Puebla Café, todos brindando com frozen margaritas e beliscando uns nachos. Um domingo perfeito, simplesmente perfeito. Me arrependi de não ter jogado na Mega Sena.

13 abril, 2003

Masters of Reality
É o nome de um LP meio fraco do Black Sabbath (tem uma música só que eu gosto, "Children of the grave"). Sempre que se falou naquele jogo "Master", me lembrava, não sei porquê, desse LP.
Falando em Master, tenho jogado isso, nos finais de semana "in-door" regados a birita e pizza promovidos pelo dono da birosca. Nas duas edições, venci três partidas e Marcele venceu duas, inclusive uma longa ontem, com oito pessoas. E me toquei que, desde que comecei a jogar, só eu e Marcele vencemos.
O que só significa que a gente tem uma cultura inútil das mais vastas, dada as nossas contas bancárias magras.

11 abril, 2003

Mensagem para o Barba
Caro André The Axe Machado: do cacete teu post sobre a nossa banda. Tá mais do que na hora de reunir de novo, quem sabe nesse sábado, de alguma forma. Vê se bota uma pilha naquele seu primo que é dono de birosca.

Sexta-feira de verdade
Sim, e não a famosa sexta-feira "falsa", como eu tenho de 15 em 15 dias há quase dois anos. Dessa vez, eu folgo. E vamos de Maracanã no domingão, como destaco lá no Nove Meses - pena que acho que Marcele não poderá ir.

Operários e priápicos
Dentro do ônibus, parado ali na Praia de Botafogo, voltando cansado e suado do trabalho. Aí a cena: o ônibus em que estou está "deitando", ou seja, dando aquela enrolada tranqüila para chegar no horário que interessa ao motorista - e foda-se se você é passageiro e está louco para chegar no trabalho após um dia infernal. Foda-se.
Mas aí pinta o diálogo do motorista com o trocador, que desceu para comprar um cachorro-quente.
- Mas e aí, a mulé?
- Ah, sei lá da mulé, porra!
- Porra, mas a mulé, caraio!?
- A mulé, caraio, sei lá, vacilô
Depois de uns cinco minutos entendi que o trocador apresentou uma mulher pro motorista comer e ele não comeu. Beleza, isso acontece. Só que aí cheguei à conclusão de que ou a mulher brasileira realmente tem uma preferência pelo tipo bruto (antes que falem, a minha não, porra) ou - versão mais plausível - todo sujeito da classe proletária (na qual me incluo como jornalista mal pago) é cascateiro.
Sim, porque até hoje, seguramente em 85% dos táxis que peguei sozinho o motorista tinha acabado de comer ou iria comer "uma mulher muito gostosa". Mas com absoluta certeza.
Teve um que me levava em silêncio, eu sem saco no banco de trás, saindo do trabalho. Começou a tocar uma música que acho muito merda, "Maré", do Jorge Vercillo. Muito, mas MUITO merda.
O cara, que estava COMPLETAMENTE calado, fala, DO NADA:
- Olha essa música.
Procurei, mas não achei nada, mas continuou tocando, o cara seguiu, teve que fazer umas manobras e se distraiu. Mas quinhentos metros depois, música ainda rolando, voltou:
- Porra, sacumé? Essa música aí é de uma mina, a gente tem um lance, ela é casada. Eu também sou, tá, mas porra, a gente tava meio brigado e voltamos com essa música.
Pensei: caralho, existe ser mais corno no mundo do que o marido da tal mina? O cara perde a mulher para um taxista IGUAL ao Paulo Silvino (só que de cavanhaque), e esse ainda fica com a mulher ao som da música "Maré", de Jorge Vercillo.
Pano rapidinho aê.
Outro dia, peguei táxi no jornal, no meio do silêncio, encaixou, sei lá como, a conversa:
- Porra, eu tô comendo uma mina que mora com outras duas gostosas.
- (...)
- Sou louco pra comer a irmã dela, que mora lá, a irmã até me deu uns moles, e faz mais meu tipo, meio caladona, e se amarra em mim.
- ZZZZ.
- Mas sabe o que me deixa louco na minha mina? A marquinha de biquíni na bunda. Porra, é só olhar para aquilo que eu fico de pau duro logo, é foda.
Outro pano.
É claro que eu não tenho disposição de arrumar quizumba com ninguém, nem mandar o cara tomar dentro por ter me obrigado a imaginar a cena. E não tenho dúvida de que essa "marquinha de biquíni" que o cara me pintou como sendo da Scheila Carvalho é na verdade o sombreamento de um pára-quedas em um traseiro igual ao da Vic Militello ou da Thelma Reston (a "Gorda" de Os Sete Gatinhos).
Mas ainda tento entender, por que taxista come tanta gente, se passa o dia rodando a cidade. Ou, queria entender melhor, por que venho sempre depois de uma foda. Daqui a pouco meu apelido vai ser "uisquinho".

09 abril, 2003

A revista mais recatada do Brasil
Recebi hoje (apesar de manterem essa cascata de que assinante recebe antes das bancas) a PLAYBOY com o ensaio de mãe e filha, Helô e Ticiane Pinheiro.
Mais uma vez, a PLAYBOY, com seus estagiários meio viados de design e especializados em Photoshop, nos traz a fina flor da falsificação e da enrustição. Ainda bem que a minha assinatura termina em junho. E, volto a afirmar, não será renovada. Qual será o próximo "passo ousado" da Playboy? Um ensaio reunindo Marlene e Emilinha Borba? Xuxa e Sasha de fraldas? Benedita da Silva e Antônio Pitanga?
Tudo que posso dizer é "NÃO COMPREM". Além da idéia do ensaio ser batida e ultrapassada (Vera Fischer posou pelada com a filha quando esta tinha pouco mais de um ano de idade), o ensaio em si é uma merda.

A boa de sábado
Sábado, 2h20 da manhã, tem Michael Moore e na TV ABERTA. A dica foi do lendário Cascalho Ventura (que, aliás, FAZ ANIVERSÁRIO HOJE), num dos comentários abaixo. O serviço abaixo foi ele quem passou.
Horário: 02h20
Data: 12.04.2003
Filme: “Roger e Eu”
Título Original: Roger & Me (legendado)
Origem: EUA – 1989, Documentário
Direção: Michael Moore
Sinopse: Documentário narrado e produzido por Michael Moore, morador da cidade de Flint, Michigan, que enfrenta a decadência sem precedentes após a General Motors fechar inúmeras fábricas no local, causando desemprego em massa. Os índices de criminalidade disparam, a miséria se torna uma coisa comum e a população começa a abandonar o lugar. Moore mostra tudo isso enquanto tenta encontrar o presidente da GM para ouvir uma explicação.

Ele é freguês
O Abel falou que vai esculachar esse pedaço aqui, através do sistema de comments. Tranqüilo, porque o cara tem moral para isso. Primeiro, porque canta uma "Light my fire" das mais porradas que conheço. Depois, porque bater o cara no gamão é tão difícil que reza a lenda que ele até vive dessa porra.
Mas uma coisa eu posso sustentar para minha defesa: no quizz (seja no falecido Queen´s Leg, seja no Les Artistes, na Gávea), o cara é freguês. Até hoje não perdi uma sequer para a equipe dele, e sempre tendo ao meu lado o endiabrado Alexandre Lalas, ex-jogador do Metro Stars.
*****
Quanto ao José Paulo Dapieve (comentei com a Marcele que eu desconfiava de dois nomes, acertei um deles), sujeito devidamente cagüetado pelo Abel, porra, deixa de encher o saco e me dá logo meus CDs do Richie Havens, porra. E manda o Urso Polar do Alaska ir dançar valsa com o Bud Love. Ou então coloca esse gordo aí que mora no Jardim Botânico.
****
Graças ao Botafogo, hoje, quarta-feira, só saio do trabalho depois de meia-noite. Estou quase torcendo pro Goiás. PQP.

08 abril, 2003

Verdades que matam
O ótimo canal GNT passou o documentário "Al-Jazzeera, a voz da nação árabe", uma produção francesa de abril do ano passado, sobre a emissora de TV localizada em Doha, no Qatar (cidade onde mora hoje o atacante Romário). Tecnicamente, não é um grande documentário, porque falta a dramaticidade que o tema exigiria. Mas é imperdível pelos fatos curiosos que são mostrados, e pela possibilidade de vermos com clareza o "outro lado" (uma vez que nós estamos, em termos de espectro ideológico, do lado dos israelenses, pois só recebemos a informação pelo lado deles).
A publicidade árabe é muito engraçada: não se enganem, aparece, por exemplo, uma propaganda da Pumper´s (isso, a fralda), onde a mulher está de véu e o homem de turbante, com as crianças brincando com areia do deserto. O homem pergunta com voz autoritária se não é hora de levar a criança embora, a mãe mostra a Pumper´s e diz que o gel permite aos pequerruchos toda a cagança e mijança que eles quiserem no espaço de uma hora.
A Al-Jazzeera nasceu em 1996, com ajuda do emir do Qatar. Ele botou uma grana, mas a rede cresceu e hoje é a TV Globo dos "de turbante" (como diz o dono da birosca). Eles admitem abertamente que procuram apresentar as notícias do ponto de vista árabe - ao anunciarem, por exemplo, que em um amistoso preparatório para a Copa, a Dinamarca bateu Israel por 3 a 1, destacam que um membro da torcida desfraldou uma bandeira palestina, como solidariedade às vítimas do constante massacre diário".
Uma das melhores repórteres da Al-Jazzeera é palestina.Uma das matérias dela mostra, ao vivo, estudantes de uma universidade palestina saindo presos, conduzidos por soldados israelenses. "Não fizemos nada, eles entraram, destruíram nossos computadores e rasgaram nossos livros". A repórter dá o seguinte depoimento para a TV francesa: "Eu não sei se eu serei mais jornalista ou mais palestina".
Na redação, uma sub-editora reclama com o chefe imediato, dizendo que a TV colocou o depoimento de um dos suicidas de 11 de setembro em um horário impróprio. "Não há horário impróprio, temos uma informação e temos que levá-la. Aquilo não vai fazer com que a imagem dos árabes piores, porque deixar de exibir o terrorista também não iria melhorar. Mas é preciso mostrar que é assim, há muçulmanos que morrem e há muçulmanos que matam". Interessante, a justificativa para a edição da matéria.
No final, a TV francesa leva um esculacho do apresentador de um talk-show da Al-Jazzeera: "Vocês franceses vivem acusando nós árabes de sermos racistas, ao lidar com os judeus. Mas colocaram o Jean Marie Le-Pen no segundo turno, ora, que é muito mais racista do que qualquer um de nós. Arrumem a casa de vocês antes de falar de nós", diz o cara. E eu tive a impressão de que ele falou alguma coisa em árabe que queria dizer "Nem gol vocês fazem na Copa, seus merdas". Sei lá.

Ótima história
Deve ser velha para alguns, mas recebi por email da minha lista de ex-alunos da UFF e resolvi colocar aqui. Divirtam-se. É longa, parece cascata, mas é engraçada.


Meu nome é XXXXXX, e resolvi contar algo que se passou comigo: Estava sentado no meu escritório quando lembrei de Uma chamada telefônica que tinha que fazer. Encontrei o número e disquei. Atendeu-me um cara mal humorado dizendo:
- Fale!!!
- Bom dia. Poderia falar com Andréa? O cara do outro lado resmungou algo que não entendi e desligou na minha cara.
Não podia acreditar que existia alguém tão grosso. Depois disso, procurei na minha agenda o número correto da Andréa e liguei. O problema era que eu tinha invertido os dois últimos dígitos do seu número. Depois de falar com a Andréa, observei o número errado ainda anotado sobre a minha mesa. Decidi ligar de novo. Quando a mesma pessoa atendeu, falei:
- Você é um Filho da puta!!! Desliguei imediatamente e anotei ao lado do número a expressão "Filho da puta" e deixei o papel sobre a minha agenda. Assim, quando estava nervoso com alguém, ou em um mau momento do dia, ligava pra ele, e quando atendia, lhe dizia "Você é um Filho da puta" e desligava sem esperar resposta. Isto me fazia sentir realmente muito melhor. Ocorre que a Telepar introduziu o novo serviço "bina" identificaçao de chamadas, que me deixou preocupado e triste porque teria que deixar de ligar para o "Filho da puta". Então, tive uma idéia: disquei o seu número de telefone, ouvi a sua voz dizendo "Alô " e mudei de identidade:
- Boa tarde, estou ligando da área de vendas da Telepar, para saber se o senhor conhece o nosso serviço de identificador de chamadas "bina".
- Não estou interessado! - disse ele, e desligou na minha cara. O cara era mesmo mal-educado. Rapidamente, disquei novamente:
- Alô?
- É por isso que você é um Filho da puta!!! e desliguei.
Aqui vale até uma sugestão: se existe algo que realmente está lhe incomodando, você sempre pode fazer alguma coisa para se sentir melhor: simplesmente disque 0xx41-7643.6XXX ou o número de algum outro Filho da puta que você conheça, e diga para ele o que ele realmente é. Acontece que eu fui até o shopping, no centro da cidade, comprar umas camisas. Uma senhora estava demorando muito tempo para tirar o carro de uma vaga no estacionamento. Cheguei a pensar que nunca fosse sair. Finalmente seu carro começou a mover-se e a sair lentamente do seu espaço. Dadas às circunstâncias, decidi retroceder meu carro um pouco para dar à senhora todo o espaço que fosse necessário: "Grande!" pensei, "finalmente vai embora". Imediatamente, apareceu um Vectra preto vindo do outro lado do estacionamento e entrou de frente na vaga da senhora que eu estava esperando. Comecei a tocar a buzina e a gritar:
- Ei, amigo. Não pode fazer isso! Eu estava aqui primeiro! -
O fulano do Vectra simplesmente desceu do carro, fechou a porta, ativou o alarme e caminhou no sentido do shopping, ignorando a minha presença, como se não estivesse ouvindo.
Diante da sua atitude, pensei: "Esse cara é um grande Filho da puta!
Com toda certeza tem uma grande quantidade de Filhos da puta neste mundo!". Foi aí que percebi que o cara tinha um aviso de "VENDE-SE" no vidro do Vectra.
Então, anotei o seu número telefônico e procurei outra vaga para estacionar. Depois de alguns dias, estava sentado no meu escritório e acabara de desligar o telefone - após ter discado o 0xx41- 7643.6XXX do meu velho amigo e dizer "Você é um Filho da puta" (agora já é muito fácil discar pois tenho o seu número na memória do telefone), quando vi o número que havia anotado do cara do Vectra preto e pensei: "Deveria ligar para esse cara também". E foi o que fiz. Depois de um par de toques alguém atendeu:
- Alô.
- Falo com o senhor que está vendendo um Vectra preto?
- Sim, é ele.
- Poderia me dizer onde posso ver o carro?
- Sim, eu moro na Rua XV, n° 527. É uma casa amarela e o Vectra está estacionado na frente.
- Qual e o seu nome?
- Meu nome é Eduardo - diz o cara.
- Qual a hora é mais apropriada para encontrar com você, Eduardo?
- Pode me encontrar em casa à noite e nos finais de semana.
- É o seguinte Eduardo, posso te dizer uma coisa?
- Sim.
- Eduardo, você é um grande Filho da puta!!! - e desliguei o> telefone. Depois de desligar, coloquei o número do telefone do Eduardo (que parecia não ter "bina", pois não fui importunado depois que falei com ele) na memória do meu telefone. Agora eu tinha um problema: eram dois "Filhos da puta" para ligar. Após algumas ligações ao par de "Filhos da puta" e desligar-lhes, a coisa não era tão divertida como antes. Este problema me parecia muito sério e pensei em uma solução: em primeiro lugar, liguei para o "Filho da puta 1". O cara, mal-educado como sempre, atendeu:
- Alô - e então falei:
- Você é um Filho da puta - mas desta vez não desliguei. O "Filho da puta 1" diz:
- Ainda está aí, desgraçado?
- Siiimmmmmmmm, amorrrrrr!!! - respondi rindo.
- Pare de me ligar, seu filho da mãe - disse ele,irritadíssimo.
- Não paro nããão, Filho da putinha querido!!!
- Qual é o teu nome, lazarento? - berrou ele, descontrolado!
- Eu, com voz séria de quem também está bravo, respondi:
- Meu nome é Eduardo C. M., seu Filho da Puta. Porquê???
- Onde você mora, que eu vou aí te pegar, desgraçado? - gritou ele.
- Você acha que eu tenho medo de um Filho da puta? Eu moro na Rua XV, n°527, em uma casa amarela, e o meu Vectra preto está estacionado na frente, seu palhaço filho da puta. E agora, vai fazer o quê???? - gritei eu.
- Eu vou até aí agora mesmo, cara. É bom que comece a rezar, porque você já era. - rosnou ele.
- Uuiii! É mesmo? Que medo me dá, Filho da puta. Você é um bosta! E eu estou na porta da minha casa te esperando!!! - e desliguei o telefone na cara dele. Imediatamente liguei para o "Filho da puta 2".
- Alô - diz ele.
- Olá, grande Filho da puta!!! - falei.
- Cara, se eu te encontrar vou...
- Vai o quê? O que você vai fazer??? Seu Filho da puta!
- Vou chutar a sua boca até não ficar nenhum dente, cara!!!
- Acha que eu tenho medo de você, Filho da puta? Vou te dar uma grande oportunidade de tentar chutar minha boca, pois estou indo para tua casa, seu Filho da puta!!! E depois de arrebentar sua cara, vou quebrar todos os vidros desta porcaria de Vectra que você tem. E reze pra eu não botar fogo nessa casa amarelinha de bicha. Se for homem, me espera na porta em 5 minutos, seu Filho da puta!!! - e bati o telefone no gancho. Logo, fiz outra ligação, desta vez para a polícia. Usando uma voz afetada e chorosa, falei que estava na Rua XV, n° 527, e que ia matar o meu namorado homossexual assim que ele chegasse em casa. Finalmente peguei o telefone e liguei o programa da CNT "Cadeia" do Alborguetti, para reportar que ia começar uma briga de um marido que ia voltando mais cedo para casa para pegar o amante da mulher que morava na Rua XV, n° 527. Depois de fazer isto, peguei o meu carro e fui para Rua XV, n° 527, para ver o espetáculo. Foi demais, observar um par de "Filhos da puta" chutando-se na frente de duas equipes de reportagem, até a chegada de três viaturas e um helicóptero da polícia, levando os dois algemados e arrebentados para a delegacia.
Moral da história? - Não tem moral nenhuma! Foi de sacanagem mesmo... E vê se atende o telefone educadamente, pois posso ser eu ligando para você por engano..
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04 abril, 2003

Brasileirão na rede
O Nove Meses (http://novemeses.blogspot.com) voltou a ser atualizado, com os detalhes e palpites da rodada do fim de semana.
Acrescentando, em update aqui desse post: simplesmente imperdível e obrigatória a análise escrita pelo cronista esportivo Oswaldo Tinhorão (disparado o mais isento e desapaixonado analista do futebol brasileiro) sobre o ex-árbitro Armando Marques.
E tem post novo no RH Negativo. Um diálogo de "alto nível".

03 abril, 2003

Repetindo
O Rio de Janeiro só tem duas estações: verão e inferno.

Acabou o Inferno
E começou o verão, aqui no Rio de Janeiro. Agora dá para apenas suar quando se sai para o trabalho - e não chegar completamente encharcado como antes. Dá até para ficar escrevendo no computador sem ventilador ligado. Dá para ficar dois minutos em casa sem ser embaixo do ventilador de teto.
Acabou o inferno, mas daqui a seis meses ele volta. Ou antes, como tem acontecido.

Citação tardia, mas necessária
E Luiz Hagen nos deixou. Calma gente, o cara não morreu não. Ainda. E apesar de tudo. Ele apenas terminou o estágio dele no jornal e teve que sair fora - depois de um ano e meio ralando jornal/faculdade, quando o cara consegue o diploma ele tem que sair do emprego.
O diploma deixa o cara desempregado. Sei lá, fiquei repetindo essa frase umas dez vezes. Sim, eu sei, é isso mesmo, não pode ficar trabalhando como estágiário depois que forma, e tá certo, juridicamente e até moralmente.
Mas a frase não deixa de pipocar na cabeça.
****
Voltando ao Hagen, é claro que o maluco faz falta lá na redação. Até porque era indiscutivelmente o mais louco dos repórteres. Quando ele sentava para escrever um texto apurado por ele, era show, tinha uma visão de um ângulo diferente das coisas. E ele no blog escreve bem pra caramba, tanto que chama a atenção do público feminino, ao qual ele enrola há mais de um ano, desde que ficou solteiro.
Só tem um porém: o doido está cagando e andando para acentuações, vírgula, ortografia. Por mera preguiça mesmo. Ele sabe, por exemplo, que ao se referir ao passado, se escreve há três anos. Sabe, que eu sei. Mas ele vai e escreve a três anos.
As maiores roubadas caíam no colo do cara: coberturas especiais de matérias com patrocinador ou onde o jornal era parceiro, enfim, aquelas coberturas que o jornalista já rodado chama simplesmente de "pica". E mandava bem, dentro das limitações de estrutura. Só que ele sempre alternava a seriedade no apurar e escrever profissionalmente com algumas tiradas alucinadas, citações do Homer Simpson (é disparado o maior compilador de idiotices do Homer em todo o mundo). Isso no dia a dia. Sem falar que quando o jornal mandou o cara para Santa Catarina para trabalhar, ele nem se esquentou: fez lá a cobertura dele e colocou os bastidores DELE no blog, na INTERNET! Ai neguinho podia acompanhar o Hagen no jornal e depois saber o que o doido fez na noite....
Por essas e outras, pelas diversas programações noturnas que me faziam perguntar "como ele consegue ganhando menos do que eu?", por vários momentos de porres homéricos, é que o cara vai fazer falta, como já está fazendo.
E assim se separam os sujeitos, os amigos, os conhecidos - porque "é assim que tem que ser".
Que o desemprego desse doido seja curto, é o que eu posso desejar.

Listas
Outro dia escrevi aqui nessa bodega que "It´s a wonderful life" (A felicidade não se compra), de Frank Capra, tem o final feliz mais bonito da história do cinema. É, sempre exagero, mas gosto mesmo do Capra e dessa ingenuidade otimista. Deve ser porque eu sou um pessimista que desconfia de sua própria sombra.
Então vamos tentar fazer a lista dos DEZ MELHORES FINAIS DE FILME DE TODOS OS TEMPOS. Depois, só dos finais felizes, depois, só dos tristes. Depois, fazer a mesma coisa com os livros (onde irei, claro, incluir "Pergunte ao pó", de John Fante).
1) A Felicidade não se compra, de Frank Capra
2) A insustentável leveza do ser, de Phillip Kauffman
3) O Poderoso Chefão 3, de Francis Ford Coppola
4) Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore
5) Sociedade dos Poetas Mortos, de Peter Weir
6) Cidadão Kane, de Orson Welles
7) Dançando no Escuro, do Lars Von Thyrs (ou sei lá como se escreve o nome do diretor desse ótimo filme da Bjork)
8) Bagdad Café, de Percy Adlon
9) Conta Comigo, de quem mesmo? (que é "Stand by me", o dos garotos procurando o cadáver na floresta, porra esqueci de quem é)
10) Blade Runner ("These words will be lost in time like tears in the rain/Time to die")


É claro que é sempre bom avisar que antes dos pitis tradicionais das pessoas que pretensamente sabem tudo de cinema, devo avisar que sou apenas um espectador, e não tenho conhecimento técnico. Ainda que meus planos modestos sejam de em 2004, após meu curso de roteiro, ir com Marcele à Fontana Di Trevi com a grana que eu ganhar de bilheteria. Ops, falando em Fontana di Trevi, esqueci de incluir La Dolce Vita. Se bem que o final não é lá essas coisas.

"Com a Cicarelli pode"
Frase da quarta-feira, pronunciada mais ou menos entre 16h21 e 17h03, de autoria de Flávia Tavares Alexandrino:
"Com a Cicarelli pode, eu não considero traição. Ainda teria orgulho, imagine, poder dizer que meu namorado pegou a Daniela Cicarelli"
(com a menção do nome Cicarelli devo chegar a 40 mil page views em dois dias)
Fiquei uns dois minutos sem entender, e concluí que o único jeito era olhar o blog do Colorado. Era verdade. Estava lá. O cara atende o telefone celular e era a Daniela Cicarelli. Ligando para o celular dele, pessoal mesmo.
Desde ontem não são emitidos mais boletins informativos.

Muito piores que os hunos
Os caras vão chegando perto de Bagdá parecendo hunos ou vikings, sedentos de sangue. Ficaram quase uma semana sem fazer porra nenhuma, só posando para farsas da CNN (e essa agora de que foram recebidos com abraços?) e jogando pôquer canadense. Aí, de repente eles são soltos como cachorros, e vão se aproximando da cidade que devem conquistar, deixando um rastro de sangue, de carnificina, de dor, de ódio, de violência.
Pelo menos é essa a conclusão a que todo sujeito bom da cabeça deve chegar ao saber que bombardearam uma maternidade.
Além disso, dizimam famílias inteiras, deixam um rastro de dezenas de corpos estraçalhados, esquartejados, pela rua.
São milhões de "dr.Farah" (aquele médico louco de SP), só que armados até os dentes.
Eu reajo a essas porras todos os dias lendo o jornal como se estivesse vendo um filme (vendo um filme? como assim?) de horror absoluto, como se o fim do mundo estivesse ali no quarteirão depois da banca.

Liguei o foda-se
Depois de muito pensar em dificuldades orçamentárias, salário baixo, contas a pagar, etc, liguei finalmente o foda-se, peguei o cartão do banco, dei um talho na minha caderneta de poupança e detonei 280 mangos para pagar o curso on-line de roteiro da produtora O2. Cheguei à conclusão de que vou ficar muito mais cabreiro se eu não fizer. Vamos nessa. Quem quiser ler sobre o assunto, é só ir no site http://www.cinematico.com.br. Ah, e detalhe: eles não atualizaram o site, mas eu liguei para lá e a taxa AINDA está R$ 280, até o dia 10 de abril, depois aumenta para R$ 330.

Quando a poeira fica maior que o tapete
A frase-título é do Chahim, mas se aplica ao caso do Jornal do Brasil - descrito no blog Picadinho Diário. Até eu fiquei impressionado com a parada.
Da coluna do Boechat de hoje:

Forte aliado
Um jornal do Rio decidiu não mais publicar fotos da bandeira dos EUA sendo queimada em manifestações contra a guerra do Iraque.
Enternecida com o gesto, inédito na mídia estrangeira, a Casa Branca não sabe como agradecer.



A publicação sacaneada é o Jornal do Brasil, onde o colunista escreve.
Depois dessa, ou Nilo Dante demite o Boechat, ou passa a andar pela redação com um saco enfiado na cabeça.
- Ivson - - Ligação direta - 19:40

02 abril, 2003

História de sucesso ainda no início
Como dizem nos filmes americanos, "baby steps, baby steps". Mas o site do Projeto Lemes, publicação que dentro de um ano será essencial para a área de Marketing, divulgou ontem sua audiência de Março/2003: 1480 visitas, média de 52 visitas/dia.
Há menos de dois meses não tinha nem dez visitas por dia. Uma conquista que parece ser só o começo de grandes alegrias.

Princípio Dilbert
O livro de Scott Adams - estava olhando minha coleção fim-de-semana passado - ilustra um dos grandes rancores de todo trabalhador. E dá a canetada final no tema, com a grande frase, que já deve ter confortado milhares de corações rancorosos (que tal fundar o "Clube dos Corações Rancorosos do Sargento Pimenta"?) por aÍ:
"Os mais idiotas da empresa tendem a serem conduzidos a uma posição onde possam causar o menor prejuízo possível ao andamento do trabalho: a gerência".
Tenho certeza de que muita gente vai achar que estou falando de alguém. Mas não tou falando de ninguém não, gente...

De quem o cara é assessor
Ainda sobre o tema Big Bosta (você que entrou agora aqui vai ver que resolvi falar sobre essa m...), bom, o vencedor era assessor do Barbosa Neto, deputado do PMDB de Goiás. Ano passado, ele era corregedor-geral, e estava a cargo dele a investigação que cassaria o mandato de Eurico Miranda (lá embaixo eu chego a cogitar o quanto seria engraçado se Dhomini fosse assessor do Eurico, ou seja, queimei a língua).
O que importa é que Barbosa Neto e Aécio Neves eram os cruzados da moralidade na Câmara, mas por causa dos meandros burocráticos e jurídicos e talvez por causa da "falta de saco", fecharam 2002 sem mexer muita coisa, apesar de haver casos cabeludos em andamento (um deles de um deputado do Pará envolvido com as paradas do Jáder Barbalho na Sudam).
O corregedor também foi considerado o 2º deputado a conseguir maior quantia em liberação de verbas do governo FHC (em três anos, liberaram R$ 1,9 milhão). Enfim, nada de necessariamente irregular está provado contra o Barbosa Neto. Até porque, como corregedor da Câmara, é o encarregado de trabalhar no caso Pinheiro Landim, sobre o envolvimento do deputado com o narcotráfico.
Até aí tava tudo bem, né?
Agora, se fala em Dhomini para vice na chapa de Barbosa para a prefeitura de Goiânia ano que vem.
Solta a vinheta: "Bra-sil-sil-sil!"

O (a) sexo dos anjos (as)
Aproveitando a deixa do Big Bosta Brasil, abordo de leve o tema "Janelas para a sociedade tribal, uma tese sempre desenvolvida pelo fotógrafo, escritor e ator Dudo Hardy. Segundo essa tese, apesar de toda a tecnologia, a sociedade ocidental tende a desenvolver mais "janelas" para o obscurantismo do que qualquer outra. Eu acrescento que temos mais "janelas" de saída para a sociedade tribal e mística do que os muçulmanos que vivemos criticando.
Por que falei nisso? Só ler a linha abaixo, de notícia encontrada no Terra:
"Anjos dizem que Elane é forte candidata aos R$ 500 mil", diz Monica Buonfiglio.
A gente bem que podia crescer, né, gente? Porra, se os anjos sabem tanto assim, por que não disseram isso quando havia 18 participantes no programa, e não agora que só tem dois? Com apenas dois na parada, até Pinochet seria um "forte candidato".
E no final, deu o outro cara. E agora?
Às vezes fico pensando nas pessoas que perdem grana e dinheiro com essas filosofias completamente baseadas no misticismo - e olha que me considero católico apostólico romano. Mas isso de anjos é demais - e anjo vê o programa? Anjo vota no site ou no SMS? Anjo tem Net ou Sky?
Outra "janela" curiosa para a sociedade tribal é a eterna discussão sobre o que fazer no reveillon, que cores usar, se vai pular sete ondas na praia, etc. Nego faz isso há trinta anos e continua na mesma merda.
Tá, eu paro. E desculpem o mau humor, deve ser a insônia.



Sob o dhomínio do mal (e do rancor)
Eu tinha prometido a mim mesmo não fazer a mesma coisa que mais ou menos 600 mil blogs vão fazer hoje: falar sobre o resultado final do Big Bosta Brasil 3.
Só que eu não resisti, ao saber que mais de seis milhões de pessoas (na verdade, não sei quanto foi o total, a maioria das matérias on-line desse momento simplesmente ignora essa informação) votaram no tal assessor parlamentar. E votaram num cara que é assessor parlamentar, deixando de fora uma professora de 18 anos que trabalhava como semi-escrava lá no sertão da Bahia - se é que a biografia dessa gente não é inventada também.
Eu entendi o que eu mesmo sentia: rancor. Sim, rancor, de saber que aquele cara ali levou R$ 500 mil FORA O QUE GANHARÁ com Marketing, de saber que o cara é um completo retardado, enquanto eu não paro de estudar, de ler, de me aperfeiçoar, de procurar fontes de informação, de batalhar cursos, e ainda assim ganho uma merreca por mês para levar esporro se eu colocar que o artilheiro do campeonato goiano teve 11 e não 12 gols. Algo por aí. Em suma, ele tem três processos por agressão e R$ 500 mil no bolso. Eu tenho ficha limpa e conta bancária idem.
Dá um certo rancor, sim. Acredito até que natural, comum, estilo Dire Straits na década de 80, "now look at them yo-yo´s, that´s the way you do it?/You play the guitar on the MTV/That ain´t working!!!/Money for nothing and chicks for free". Eu sou um dos caras que tem que levar microondas e instalar refrigeradores daquele ótimo videoclipe.
Aí eu pensei: eu, sozinho? Não. Acho que somos uma sociedade forjada a ferro e fogo no rancor. Por que os três ganhadores do Big Bosta são capiaus? Por causa do rancor. Quem tem sotaque vota em quem tem sotaque. A idéia de sprit-du-corps me parece forjada no rancor. Preto vota em preto, branco vota em branco, deixe eles para lá.
Música que homens e mulheres sempre abrem os braços e o berreiro para cantar: "Você pagou/com traição/a quem sempre lhe deu a mão". Rancor puro. Dor-de-cotovelo em sua forma mais gelatinosa. E tudo que é música que fala que um belo dia resolveu mudar e mandar o cônjuge ou namorado (a) se fuder, pode ver que faz sucesso na pista de dança. Todo mundo já levou ou deu um pé na bunda. Todo mundo já falhou ou foi vítima de falha humana. E tome rancor.
Eu acho que o rancor moveu essas seis milhões de pessoas que preferiram votar no tal assessor parlamentar - de quem, o Brasil ainda não sabe - eu iria adorar se no final o tal Dhomini fosse assessor do Eurico Miranda, mas infelizmente o dirigente vascaíno não é mais deputado.
De uma forma ou de outra, o rancor está presente nessa história. "Uma menina de 18 anos com esse dinheiro todo?" - rancor de quem não teve grana com essa idade. "Uma garota atirada" - rancor de quem queria ser atirada e não é. "Vou no garoto, pelo menos tem o sotaque da minha terra, é minero", rancor regionalista, contra o outro, contra o outro bairro.
Nelson Rodrigues uma vez escreveu que Flamengo e Fluminense são os Irmãos Karamazov do futebol brasileiro, por terem sido concebidos pelo rancor. Penso nesse conceito aplicado a toda a nossa sociedade - ande pelo Rio e converse com quem não tem dinheiro, você vai ouvir rancor. Revolta, rebeldia, desânimo, enfim, de tudo, mas rancor. Tanto que é por isso que é tão difícil para aqueles pouquíssimos ricos com preocupação social se aproximarem da periferia - o rancor dos pobres é grande.
E tem, claro, o rancor dos ricos. Rancor contra a esquerda, contra o governo, contra os impostos, contra os empregados, contra as greves, contra a família, contra a mulher que o corneia. Tudo parece ser movido pela mola da revanche, da vendeta. Rancor de chefe contra subordinado, e vice-versa (principalmente o vice-versa).
E agora, o Big Bosta vai conseguir dividir a nação em duas partes rancorosas. E eu estou do lado daqueles que não entendem como alguém pode deixar de votar numa professora de 18 anos para votar num, porra, cacete, "assessor parlamentar". E neguinho pagou 27 centavos para isso. Tem que pegar o votante e sacudir pelo gasganete: "ô caralho, assessor parlamentar NÃO PRECISA ganhar essa porra!".
Enfim, haja rancor. Espero não ser contagiado por isso - apesar de eu desejar que o rapaz pegue o dinheiro dele e vá passar as férias em Maceió, perto de um carioca que está em curta temporada por lá. Quem sabe eles não dividem a grana.

01 abril, 2003

Sobre a onda de violência
Até quando as autoridades estaduais vão ficar dizendo que "os bandidos só estão fazendo isso porque estão desesperados com nossa repressão ao tráfico"?
Vem cá, se é possível ao sujeito andar por aí com bombas, granadas e submetralhadoras, qual a dificuldade em carregar um papelote de cocaína?
Por que eu passei de táxi, no Túnel Novo, sentido Copacabana, por um par de motos que equivale à descrição dos caras que jogaram bomba no bairro na noite de domingo para segunda? E, acima de tudo, porque eu achei suspeiros os caras e as duas patrulhinhas na saída do túnel não acharam?
São todas perguntas meio burras, eu sei. Mas é que o medo não nos deixa pensar direito. Estou nervoso porque tenho uma missão complicada, difícil, no momento, que é pegar o Metrô para ir trabalhar.



Um palpite sobre cinema
Tem algo que me irrita no filme médio americano, esses que muita gente chama de "filmes Meg Ryan": o falso anti-clímax. Na verdade, nem isso exatamente. O que me irrita mesmo é a musiquinha-incidental-de-final-feliz-em-desenvolvimento. Explico:
Depois de tudo resolvido, os bandidos ou sei lá o quê presos ou mortos, ou algo que corre paralelo na trama já bem definido, a mocinha sempre dá um corte no mocinho ou vice-versa; os dois tiram uma onda de amor impossível, sem nem saber por quê (vide Hugh Grant e Julia Roberts em "Notting Hill").
Aí, de repente, um dos dois resolve alguma coisa, e tomam um táxi, ou um carro, ou uma moto ou uma bicicleta, e correm até onde está o amado (a).
Na hora em que ele (a) toma essa decisão, a musiquinha muda, vira musiquinha de final. Aí dá vontade de levantar e ir embora. "Já sei, já sei, a mesma merda de sempre". Neguinho devia entender que ninguém jamais fará novamente um final feliz tão bom como o de Capra em "It´s a Wonderful Life".
Mas "Notting Hill" até que é legal. A cena final, com a Julia Roberts grávida no colo do Grant, é muito bonita - com a voz ao fundo de Elvis Costello cantando "She".

A sinfonia do despertar
Ter uma vizinha com dois cachorros pequenos e que latem até se aparecer um formiga é muito bom para quem gosta de dormir. Morar com uma mãe cujas amigas telefonam naturalmente às oito da manhã é melhor ainda - principalmente para quem gosta de dormir tarde. Ter o quarto perto deste mesmo telefone, sensacional. Mais legal ainda, acordar com tudo isso ao mesmo tempo, dirigir-se ao quarto do computador APENAS para se livrar da barulheira e descobrir que o vizinho deste está usando uma furadeira com lixa às nove da matina. E já que a cozinha é o único ponto que parece estar imune ao bombardeio, vamos correndo para lá - ah, que pena, o vizinho de trás está tocando no volume MÁXIMO o grande hit de McSerginho, "Egüinha Pocotó".
Vem cá, por que cargas d´água as pessoas querem que o mundo comece tão cedo?

Dormindo eu não tô é gastando
A frase acima, de autoria do imortal 26, já está mais do que imortalizada - falta talvez o registro, quem sabe, cinematográfico. Ontem eu a repeti mais uma vez para quem me ligava, explicando porque eu passei três dias de folga sem fazer absolutamente nada a não ser ver TV e esperar Marcele. Ela está fazendo estágio, só que tem plantão de fim de semana (um sim, o outro não, como eu). É evidente que a colocaram para trabalhar no fim de semana em que eu folgo, né?
Daí fiquei assistindo a filmes ruins no Telecine. Melhor isso que no HBO onde, além de filmes MUITO ruins, ainda tem séries ruins. Comprovei isso em Penedo: em uma semana de programação, absolutamente NENHUM filme bom.
Mas vi um telefilme interessante com Anthony Hopkins e Kristin Scott-Thomas, "O Décimo Homem" (The Tenth Man, 1988). Um argumento muito bom de Grahan Greene, o escritor, autor de "O americano tranqüilo" - pena que, ao ser trabalhado para roteiro de TV, o tema acabou sendo burilado de forma a parecer um episódio de "Dallas".
A trama é a seguinte: durante a ocupação alemã em Paris na 2ª Guerra Mundial, os nazistas anunciam na prisão que, devido ao assassinato de um oficial por parte da Resistência Francesa, de cada dez franceses presos, um deverá ser fuzilado.
O requinte de crueldade: os companheiros de cela é que devem escolher os três (já que eles são trinta). E não há alternativa, ou escolhem, ou todos morrem.
Eles fazem um sorteio no qual todos tiram um papel de dentro de um sapato. O personagem de Anthony Hopkins tira o último dos três papéis marcados com um X que indicam os futuros fuzilados.
Desesperado, Hopkins (ou Chavel, como é o nome do cara) começa a oferecer todas suas propriedades e dinheiro para quem se oferecer para ir no lugar dele. "Quem é que vai querer isso tudo sem poder usar depois?", um dos prisioneiros pergunta. A resposta vem rápida - um prisioneiro chamado Michel, de uma família de camponeses paupérrima, se oferece. Está tuberculoso, sofrendo com a doença, e sua mãe e irmã padecem na miséria.
A "negociação" é feita e Michel é fuzilado de manhã.
Chavel então volta para casa, onde vai morar com a irmã e a mãe do prisioneiro Michel. Mas como ele não tem mais nada, passa a viver como mendigo. E depois, criado da casa.
A trama tem frases como "todos um dia são testados". Faz até sentido - como em um assalto em que oferecem "a bolsa ou a vida", o personagem de Hopkins ofereceu a bolsa inteira. Por alguns momentos do filme, porém, se vê que ele perdeu também a vida, a identidade. O meio de vida anterior, com tudo certo, ele sendo um advogado de renome, com uma grande casa, bem-sucedido, etc, tudo isso tinha ido para a puta que pariu, a partir do momento em que os alemães invasores decidiram que isso tudo era merda. E, por um momento, quando viu que a casa ia cair, ele também decidiu que isso tudo não valia nada.
Um bom telefilme, esse. Está passando no Telecine Emotion.

1º de abril
Já é Primeiro de Abril. A antecipação do reajuste de salário mínimo para esse dia - e não mais no 1º de maio, como sempre foi - me dá uma sensação ruim. Simbolismos demais.
Só sei que meu salário não é indexado ao reajuste do mínimo. Por sua vez, tudo em volta deve subir porque neguinho tá gastando mais na produção e nos serviços, afinal o salário mínimo - que é o que os patrões pagam aos escravos de sempre - subiu.
Se meu salário (o mesmo desde 2001, que por sinal é o mesmo que eu ganhava em 1999) não vai subir e o resto vai continuar subindo, bom, er, sei lá, ainda não sei, mas acho que isso não é bom, dãã, isso não é bom.
Pelo menos não temos mais FHC para negar que existe inflação e ficar dizendo lá fora que "ninguém passa fome no Brasil". Pelo menos isso. Mas vamos ver o que acontece.
Bom Primeiro de Abril para todos vocês (se deseja isso, na nossa civilização? acho que não. Well, for all soldiers in Middle East, a Happy April Fool´s Day!).