28 novembro, 2002

Mais um para a tabela lateral
Desta vez é o web log do colega de LANCE-SP, Joaquim Rodil, que integra o espaço aí do lado direito da sua tela. O link? É esse aqui ó: http://meiaspalavras.blogspot.com. Legal o texto sacaneando a galera que trabalha nos famosos suportes de tecnologia.

Músicos emergentes, atenção
Recebo email do professor Alexei Gonçalves, da área de Marketing da UFF, pessoa do mais alto gabarito, de quem há muitos anos eu não tinha notícias. E a notícia é boa para o pessoal que está começando: ele começou um curso novo de marketing para músicos. Leiam abaixo. Segue também o email de contato para os interessados.
Como vocês sabem, sou professor de Marketing do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Mas também sou aficcionado por música. Sei que existem muitos músicos excelentes por aí, à espera de uma oportunidade que nunca chega, o tempo passando, a carreira marcando passo... Quantos talentos não se perdem porque o artista se desanima, acumulando frustrações sobre frustrações até desistir da carreira?
Inconformado com esse problema, resolvi oferecer minha contribuição sob a forma de um Curso de Marketing para Músicos. O programa do curso será personalizado para as necessidades de cada aluno (ou grupo), enfocando temas como:
1 - Princípios Básicos de Marketing
2 - Estratégias de Marketing Pessoal
3 - Posicionamento Competitivo e Imagem Pública
4 - Pesquisa de Opinião
5 - Planejamento de Repertório
6 - Técnicas de Divulgação e Comunicação com o Público
7 - Técnicas de Negociação (essencial para que os músicos não sejam explorados por agentes, casas de shows, gravadoras, etc)
8 - Técnicas de Produção de Eventos (Shows e Espetáculos)
Todos esses temas - entre outros, conforme a necessidade - serão abordados sob a perspectiva de sua aplicação à carreira, ao estilo e ao projeto pessoal do aluno, auxiliando-o a formular e executar uma estratégia de carreira que maximize suas chances de sucesso profissional sem que ele precise alterar os seus princípios, ambições, gostos e atitudes musicais.
O preço? A combinar, conforme a necessidade e as possibilidades de cada aluno. O curso poderá ser realizado sob a forma de aulas particulares ou de grupos reduzidos.
Se algum dos amigos conhece algum músico talentoso cuja carreira ainda não decolou por falta de uma estratégia definida, não deixe de conversar com ele ou ela a respeito desta proposta. Pode ser uma grande oportunidade de ajudar um amigo a realizar o sonho de ter sucesso fazendo o que realmente gosta!
Para maiores detalhes, basta entrar em contato através do e-mail uffmarketing@ieg.com.br

Fast-Fudeu
Leio que Cesar Maia tem como atual alvo a fast-food - quer obrigar as redes a incluir avisos em suas comidas. Se a medida é legal, cabível, viável ou coerente, bom, ainda não está na hora de discutir. Agora, apesar de partir de um prefeito que vem decepcionando, devo reconhecer que é elogiável. Segundo matéria de hoje em O Globo, o objetivo é reduzir o diabetes, a obesidade e as doenças de coração em adolescentes - e, claro, nos adultos glutões. Para isso, o aviso seria "Excesso de gordura faz mal à saúde".
Minha contraproposta a essa elogiável iniciativa seria o seguinte: atacar na propaganda, a raiz dos problemas. Basta lembrar que nos comerciais do McDonald´s não há pessoas obesas, as crianças são lindas e saudáveis, toda mulher que aparece é gostosa. Cascata pura. Acho que nas propagandas do McDonald´s deveriam aparecer seus reais clientes: homens e mulheres gordos, que entram em um círculo vicioso de "carência afetiva compensada com ingestão excessiva de alimentos"; pessoas com pouco mais de 30 anos e que já tomam remédios contra o colesterol e o coração; office-boy fudido que come em pé no McDonald´s da Central do Brasil aquele hamburger de 1 real que vem com um pepino no meio; garotos de oito ou nove anos que detonam aqueles sorvetes McMix (sorvete com confete de chocolate) e ficam gordinhas e coradas a ponto de receberem beliscões de tias velhas - e em dez anos nunca mais serem tocados por outras mulheres além dessas.
A publicidade é muito escrota. A propaganda da dança do Ronald McDonald´s é de uma bestialização sem par. O pior é que as propagandas de fast-food cumprem o papel "nobre" de induzir à obesidade enquanto a publicidade em geral preconiza o corpo magro como o ideal para fins de reprodução. Puta que pariu.
Claro, o efeito colateral da boa iniciativa do prefeito é ruim também: negozinho entrar numa de que tudo tem que vir rotulado. "Este estabelecimento pode provocar câncer de estômago, diabetes e aumento de colesterol", na porta das churrascarias. "Este líquido pode fazer você casar com uma mulher muito feia" no rótulo da garrafa de cachaça, "Esta camisa pode provocar depressão profunda" na etiquetinha das camisas do Vasco, "Esta revista não contém nada" na capa da Playboy da....tá, tá, prometi não falar mais nesse assunto.
Este blog faz mal ao tempo alheio - desperdiçando-o.

Agora sim
Semifinais do Campeonato Brasileiro quase definidas, tenho uma leve inclinação a torcer para o Santos (só por causa dos longos anos de fila), mas acima de tudo é agora, mais do que nunca, que é necessário secar o Grêmio. Dá até vontade de torcer para o São Paulo, pois este talvez seja um adversário mais forte para o Grêmio no Olímpico do que o time jovem do Santos. Mas seja quem for, terá meu apoio. Fundamental que o Grêmio não chegue à final. Conto obviamente com o apoio colorado em tão nobre missão de secar.

27 novembro, 2002

Sobre o espírito de porco
Que alguém crie um blog para ficar contando final de filme, bom, não me surpreende tanto, pois vejo de tudo por aí. Agora, o que me impressiona é que o Meninos, eu vi já passou das cinco mil visitas em pouco mais de um mês de existência! Caramba! Será que tem tanta gente assim que gosta de "espírito de porco"? Impressionante.

Histórias de Dudo Hardy
Episódio de hoje: O terraço e a televisão
Dudo Hardy é o pseudônimo de um camarada meu desde os tempos de IACS/UFF, quando havia um bar do Arlindo, uma mesa de sinuca no meio da faculdade e muitas razões ideológicas para se matar aula. O cara é formado em publicidade, atualmente manja tudo sobre fotografia (principalmente as de mulheres seminuas), é ex-microempresário (tinha uma locadora de vídeos pornôs) e é formado ator pela Escola de Teatro Martins Pena. É ator dos bons, já tendo feito diversas pontas e participações em curtas, aberturas de novela, comercial e recentemente é o astro do filme GULA, da série Sete Pecados Capitais das Grandes Cidades, do canal a cabo GNT. Mas a coisa mais legal mesmo de Dudo Hardy é seu infindável repertório de histórias engraçadas e absurdas. Nesta série, publico várias sem a autorização dele:
O terraço e a televisão
Um vizinho de Dudo Hardy era bastante exótico - não se sabe se teria sido essa qualidade que o levou a ter o apelido de Chacrinha (uma homenagem ao Velho Guerreiro), aliás, Chacra para os mais próximos. Mais próximos é um modo de falar, porque o Chacra se apresentava para as pessoas, segundo Dudo, de uma forma diferente. Enquanto todos diziam, "oi, eu sou o Beto" ou "tudo bem, sou Luiz", o Chacra disparava um "prazer, Paulo Fernando Oliveira de Azevedo", com o nome completo.
Contam então que o Chacra tinha lá seus 16 anos e já eram um dedicado praticante do ideário de Onan. E dispunha de acesso privilegiado (Chacra sempre se deu bem com os porteiros de todos os prédios) a um terraço de onde se tinha a visão espetacular do quarto de uma menina de 19 anos - ótima, segundo acrescentam os contadores da história, que de ouvido em ouvido chegou a Dudo Hardy.
Chacra estava vendo a menina atacar um namorado, ou pelo menos um candidato a isso, em seu quarto. O sujeito, um pouco preocupado, constrangido por estar na casa da menina, se limitava a negar fogo. Enquanto a garota o atacava em chamas, o rapaz tentava em vão se desvencilhar. Dois metros e meio acima, Chacra assistia a tudo, agachado, ao lado de um colega. A ansiedade predominava - os dois pareciam torcedores de algum jogo em que o time precisava ganhar por três de diferença, só que o primeirogol não saía. A menina já estava quase virando uma tocha humana, louca para dar, quando de repente o Chacra, como se possuído por algum espírito maligno, se levantou no terraço, exibindo seu corpo inteiro, e com o pau em riste, duro, gritou a plenos pulmões:
- VAI LÁ!!! VAI LÁ!!! MOSTRA QUE TU É HOMEM, PORRA!!!
O detalhe, que só ficou esclarecido depois: a menina em questão conhecia a avó do Chacra. E contou o que aconteceu. Aí vem o melhor. Castigo do Chacra: um mês sem ver televisão.

Sobre a série "Conversa ao pé..."
Se alguém leu e gostou e estiver a fim de responder, me mande por email. As perguntas são sempre as mesmas. Aliás, perdi a entrevista da Elis, que estava ótima.

Campanha pró-Botequim
Vamos encher essa espelunca de comentários e obrigar o dono a deixar de frescura e reabrir? Já vou lá deixar o meu. Colabore você também. Um mês fechado já tá bom, né?

Conversa ao pé do blog - Sérgio Maggi
A série está de volta. Já foram publicadas entrevistas com Sarah Ivich, Alessandra Archer e André Machado. Hoje, é a vez do autor do Não é caldo... - mas é bom lembrar que ele me enviou essas respostas em agosto.
ONZE PERGUNTAS PARA UM WEB LOGGER
1- Por que a idéia de ter um blog?
Comecei meu blog muito antes de blog virar moda. Navegando a procura de sites para a minha coluna, acabei caindo no blogger e criei um. Mas logo abandonei, ninguém conhecia isso e ninguém lia. Quando algumas pessoas da Globo.com começaram a fazer blogs também, reativei o meu e não parei mais.
2- Para quem você contou primeiro que ele existia, e por quê?
Para quem contei primeiro? Realmente não lembro...
3- Esse é seu nome verdadeiro? (se sim: Por que você acha melhor não revelá-lo? A internet ainda te assusta nesse ponto?)
Sim, é. Quem não gostar do que eu escrever e quiser me pegar de porrada não vai te a menor dificuldade de me localizar.
4- Qual é a audiência média de seu blog?
Média de 80 pessoas por dia.
5- Há um tema central? Que tipo de post atrai mais comentários dos leitores?
Não há tema central. Falo de livros, cinema, música, futebol, política. O que vier a cabeça. Assuntos polêmicos sempre trazem mais comentários. Falar mal de alguém que é mais ou menos senso comum. Quando falei mal do profeta Gentileza. Para mim aqueles poemas dele não passam de pichação e deviam ser apagados.
6- Há como comparar os blogs com alguma outra coisa do passado (do mesmo jeito que comparamos o email às cartas)?
Não, não acho. Quer dizer, no meu caso comparo com minha coluna. Sempre falei de um modo pessoal nas colunas, contando coisas sobre minhas filhas e amigos. E a maioria dos mails que recebo elogia justamente essa "intimidade" com o leitor. Então, acho que os blogs permitiram que qualquer um virasse um "colunista".
7- O que você mais descobre com os blogs? Pessoas que vc gostaria de conhecer ou pessoas que você não gostaria de conhecer? Por quê?
Pessoas que gostaria de conhecer. Porque quando leio o primeiro post de um blog novo, se não gosto já saio fora e nem me lembro mais...
8- O que lhe desagrada nos blogs? Comentários anônimos? Posts diários superficiais?
Comentários anônimos não me desagradam, eu acho engraçado, rio com eles. Não posso esquentar com quem não tem coragem de assumir o que faz. E quanto a posts superficiais, não sou obrigado a ler nenhum blog. O que não gosto é blog que nunca é atualizado.
9- Hoje você JÁ COMEÇA a navegar primeiro por algum blog? Se não, qual sua página inicial?
Não. Minha página inicial é do Globonews.com (www.globonews.com.br), site de notícias onde trabalho (nota do Blogus: Maggi está de volta ao Globo On)
10 - Além do seu, cite seus blogs favoritos
O que estão na coluna direita do meu blog, entre os quais estão o seu e o da Marcele, visitas sempre obrigatórias.
11 - Está com alguém? Se não, pensa em conhecer alguém primeiramente por seu blog?
Defina estar com alguém. Se quer dizer namorando, não...
Já conheci várias pessoas por causa do blog e gostaria de conhecer mais ainda.

Multa por perder comanda?
Meu amigo, o desaparecido Laertón Glauquito, me enviou email contendo o texto abaixo. Segundo ele próprio, muito útil na hora em que você estiver bebum encarando os negões que querem te cobrar R$ 400 por perder uma comanda. Vale a leitura.
Imagine a situação: a pessoa sai para se divertir em uma danceteria e, de repente, não encontra a comanda que lhe foi entregue na entrada. Às vezes, pode ter sido uma simples displicência de alguém que, sem querer, perdeu a comanda. Também pode ter havido um premeditado furto do cartão por pessoas de má-fé. Isso é comum. Pode acontecer com qualquer um de nós ou de nossos amigos. Porém, para o dissabor de quem teve sua comanda extraviada, o estabelecimento impõe como condição para saída do local o pagamento de uma multa altíssima, que, em algumas casas noturnas, chega a R$ 400,00.
Desde já, vale esclarecer: não existe lei que obrigue quem perdeu a comanda a pagar uma quantia a título de multa ou taxa. Isso é pura extorsão. A cobrança de multa sobre a perda de comanda é um abuso e é considerada ilegal pelo Código de Defesa do Consumidor.
É obrigação do prestador de serviços vender fichas no caixa ou ter um sistema eletrônico de controle sobre as vendas de bebidas e comidas dentro de seu próprio recinto. Se a casa não tem um controle sobre o que foi vendido, não pode explorar o cliente pois, em direito do consumidor, o ônus da prova é sempre do comerciante ou prestador de serviços.
Porém, a realidade do mercado revela verdadeiros atentados contra os direitos do jovem consumidor que sai à noite para se divertir. Ao exigir a cobrança desta espécie de taxa, os responsáveis pelo estabelecimento invariavelmente acabam cometendo crimes contra a liberdade individual do cidadão. Levam a pessoa para "quartinhos" ou salas separadas e passam a intimidá-la através de seguranças brutamontes.
Insistir nessa prática extorsiva é considerado Constrangimento ilegal (Art. 146 do Código Penal), pois constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a fazer o que a lei não manda (no caso, a pagar uma multa extorsiva) é crime, podendo o gerente e o dono do estabelecimento serem presos e condenados à pena de detenção, que varia de 3 meses a 1 ano.
Em alguns casos, a coisa fica até mais grave pois o pobre coitado do consumidor que perdeu a comanda é impedido por seguranças de deixar a casa se não pagar a tal taxa abusiva. Isso é um absurdo e é considerado crime de seqüestro e cárcere privado, (Art. 148 do Código Penal), que prevê pena de prisão de 1 a 3 anos ao infrator.
Nesses casos extremos de crimes contra a liberdade individual, o cliente tem que ser intransigente: deve pagar apenas o que consumiu ou discar 190 e chamar a polícia imediatamente para registrar queixa contra seus ofensores.
Agir passivamente neste caso é causar um prejuízo à sociedade, pois se estaria beneficiando esses infratores. Lembre-se, portanto, que exigir o pagamento de multas altíssimas para quem perdeu sua comanda é considerada prática abusiva (e conseqüentemente ilegal) pelo Código de Defesa do Consumidor e deve ser denunciada ao Procon.
Somente com informação podemos lutar contra as injustiças e a revista eletrônica Consultor Jurídico tem prestado um louvável serviço de esclarecimento aos jovens contra os procedimentos ilegais e extorsivos de algumas casas noturnas que tem lesado milhares e milhares de consumidores inocentes. (Leia também: O Golpe do couvert: Bares e casas noturnas cobram couvert ilegalmente)
Revista Consultor Jurídico, 19 de outubro de 2002.
Autor: Sergio Tannuri, advogado especialista em Direito do Consumidor

Alto e seco
Dando uma arrumada nos meus CDs de festa, noto que um deles está só com a capa, sem o principal dentro. Quando vejo de novo qual é a capa, o desespero bate. Procuro em outro CD do mesmo conjunto, e vem o alívio - encontro. A apreensão tinha sua razão de ser: o CD "fujão" era "The bends", do Radiohead. Para compensar o susto, coloco para tocar enquanto termino de arrumar os CDs e o próprio quarto do computador.
E com a audição de "The bends", mais uma vez acontece: o Radiohead cria uma nova atmosfera, praticamente um mundo novo. Se é um mundo agradável? Bom, não dá para chamá-lo assim. Mas é com certeza um lugar na serra, onde nos sentimos como em um refúgio de nós mesmos. Sem o calor daqui do mundo urbano, sem suor, sem mágoa ou susto, e muito seco. Como na música, "High and dry", genial, melódica, triste, e ao mesmo tempo em que é melancólica, protetora.
Tenho todos os discos do Radiohead. Quer dizer, todos não, infelizmente ainda não comprei o último, ao vivo. Costumo dizer que meu favorito é o terceiro, "Ok computer". Apenas "costumo" dizer, porque quando ouço o "The bends", por exemplo, essa impressão diminui. Uma seqüencia de canções maravilhosas, embrulhadas em papel laminado e com odor, como "High and dry", "Fake plastic trees", "[nice dream]", "Bullet proff....i wish i was" e "Street spirit", todas do "The bends", cuida de me convencer de que esse CD é a grande obra-prima da superbanda britânica. Nesse disco, Thom Yorke canta como se cumprisse uma função social: o acalanto de gente grande. "Durma, desamparado, porque o mundo é uma merda mas quando você está ouvindo isso aqui você é feliz", é o que parece dizer.
Talvez seja isso mesmo - o Radiohead tem mesmo uma função social. Aliás, não é à toa que Thom Yorke também está na campanha de Bono Vox, que luta para que os países desenvolvidos perdoem as dívidas externas dos países em desenvolvimento. Bono deve saber das coisas, né? Enquanto por aqui neguinho vive desvinculando do ideário neo-liberal suas conseqüencias óbvias como a miséria, o desemprego e o subemprego, Bono por lá criou o movimento que tenta o perdão das dívidas para a salvação do mundo abaixo do equador.
Yorke apóia a campanha, mas já disse uma coisa: não quer contato com nenhum governante. E deu a entender que a medida é apenas por assepsia. Thom Yorke demonstrou ter nojo das pessoas que precisam ser abordadas para a missão de Bono.
Mas ele já cumpre desde "Pablo honey" uma outra função social: a de consertar os efeitos do desamor sobre o mundo. Se não consertar, pelo menos fazer um curativo eficiente, de modo que o paciente possa retomar suas funções primárias. Ficam as cicatrizes, mas o sorriso pode até voltar. Nada como uma tarde sozinho, com o ar condicionado ligado e o mundo ficando do lado de fora, e você ouvindo "The bends", "Ok computer" ou mesmo "Kid A". Por alguns instantes, a dor do ouvinte é sugada para o cara que está cantando, como se Thom fosse mesmo um vampiro de angústia.

22 novembro, 2002

Confirmado
A união de duas grandes personalidades em uma festa rock and roll. Está confirmado para o dia 6 de dezembro, uma sexta-feira, na boate SPIN (Rua Teixeira de Melo, 21, Ipanema), a festa conjunta de Alessandra Archer e André Machado. Quem curte exorcizar seus fantasmas dançando rock and roll, bom, está aí uma boa oportunidade.
Em janeiro, estou negociando com a Elis (que por sinal é colega de caderno InfoEtc do André Machado) dividir o espaço na minha própria festa. Desta vez eu vou na minha festa, ao contrário do que aconteceu no início de 2002, quando uma amigdalite me fez faltar ao próprio aniversário.

Fé cega
Deve ser meio cafona mesmo, e duvido que alguém ainda ache coerente um sujeito fazer serenatas ao violão para a namorada. O problema é que eu faço. Talvez um dia Marcele se canse dessa praga de seis cordas, esse instrumento capaz de destruir qualquer festa. Mas por enquanto, sigo tocando e reaprendendo músicas, enfim, retomando um hábito que eu tinha antes de decretarem que ser artista agora é simplesmente mexer em botões e fazer "remix" (coisa que antes eu chamava de "o cara que faz milk-shake no Bob´s".
Achei no Google a letra com acordes de "Can´t Find My Way Home", belíssima canção cuja letra e música são de Stevie Winwood, que considero um dos maiores músicos do final do século 20. Pelo menos da música pop. Para mim e para Marcele, um significado especial, pois quando começamos a nos conhecer, recomendei a ela que procurasse a música num desses novos Napsters da rede. Ela achou, e ficou tocada - a música é realmente maravilhosa Foi gravada pela primeira vez, se não me falham os alfarrábios, pela banda Blind Faith, um grupo que durou só uns dois anos e que lançou um LP de estúdio (Blind Faith, que eu tenho em CD) e outro ao vivo.
Blind Faith era meio covardia: Eric Clapton na guitarra, Stevie Winwood no piano e em vários instrumentos (ele toca bem todos), o ex-Cream Ginger Baker na bateria e Rick Grech no baixo. Chato, né? Uma espécie de dream-team da música pop, até hoje.
Hoje, consegui tocar "Can´t find my way home" inteira pela primeira vez, mas ainda com rodinhas, isto é, olhando para os acordes na tela do micro. Espero em breve conseguir tocar sozinho - antes que Marcele se canse de "Love me tender".
"Can´t find my way home" é como um pedido de socorro da alma apaixonada. Que se afoga em seu próprio sangue. Vale a pena dar uma escutada.

21 novembro, 2002

George W. Burro
Ótimo texto enviado para a mail-list do jornalista Carlos Alberto Teixeira. Curtam abaixo. Não vale a pena traduzir.

George W. Bush and Hu
We take you now to the Oval Office. It is the day after Hu Jintao was named chief of the Communist Party in China.

George: Condi! Nice to see you. What's happening?
Condi: Sir, I have the report here about the new leader of China.

George: Great. Lay it on me.
Condi: Hu is the new leader of China.

George: That's what I want to know.
Condi: That's what I'm telling you.

George: That's what I'm asking you. Who is the new leader of China?
Condi: Yes.

George: I mean the fellow's name.
Condi: Hu.

George: The guy in China.
Condi: Hu.

George: The new leader of China.
Condi: Hu.

George: The Chinaman!
Condi: Hu is leading China.

George: Now whaddya' asking me for?
Condi: I'm telling you Hu is leading China.

George: Well, I'm asking you. Who is leading China?
Condi: That's the man's name.

George: That's who's name?
Condi: Yes.

George: Will you or will you not tell me the name of the new leader of China?
Condi: Yes, sir.

George: Yassir? Yassir Arafat is in China? I thought he was in the Middle East.
Condi: That's correct.

George: Then who is in China?
Condi: Yes, sir.

George: Yassir is in China?
Condi: No, sir.

George: Then who is?
Condi: Yes, sir.

George: Yassir?
Condi: No, sir.

George: Look, Condi. I need to know the name of the new leader of China. Get me the Secretary General of the UN on the phone.
Condi: Kofi?

George: No, thanks.
Condi: You want Kofi?

George: No.
Condi: You don't want Kofi.

George: No. But now that you mention it, I could use a glass of milk. And then get me the U.N.
Condi: Yes, sir.

George: Not Yassir! The guy at the U.N.!
Condi: Kofi?

George: Milk! Will you please make the call?
Condi: And call who?

George: Who is the guy at the U.N?
Condi: Hu is the guy in China.

George: Will you stay out of China?!
Condi: Yes, sir.

George: And stay out of the Middle East! Just get me the guy at the U.N.
Condi: Kofi.

George: All right! With cream and two sugars. Now get on the phone.
(Condi picks up the phone.)

Condi: Rice, here.
George: Rice? Good idea. And a couple of egg rolls, too. Maybe we should send some to the guy in China. And the Middle East. Can you get Chinese food in the Middle East?
Credits to Bjorn-Are Davidsen and John Kovalic http://www.dorktower.com

Um cara de visão
E houve o tempo em que tudo era na base do escambo. Segundo grau no CEFET-RJ, eu pegava o ônibus 442 todos os dias, tendo no bolso o dinheiro da volta (não existia vale-transporte), algum a mais para eventualidades e um tíquete fornecido pela escola, "vale um lanche padrão", dirigido a alunos "carentes".
Bom, é verdade que eu chorava uma miséria que eu não tinha, para ganhar o tíquete. Órfão recente de pai, usava a condição como principal argumento a fim de faturar os tíquetes, que só valiam na cantina da escola e davam direito a um refresco de qualquer sabor e....um pão com ovo e muzzarela.
De vez em quando, sobrava algum e eu comprava um LP, na Sears da Praia de Botafogo. Me lembro dos dois primeiros: Led Zeppelin 3 e Peter Frampton "Rise up", uma coletânea do ex-guitarrista do Humble Pie.
Mas com pouco dinheiro, o escambo era quase obrigatório.Troquei um cartaz do filme "Fúria de Titãs" por dois discos do Deep Purple, "Fireball" e "Who do we think we are". Me lembro que, mesmo na época em que eu gostava de Deep Purple, achava os dois LPs horríveis.
Depois dessa troca excelente, em que fiquei com dois discos péssimos e cedi um cartaz que hoje seria uma raridade, com o mesmo negociador troquei uma revista "Status" por um disco do AC/DC, "Dirty deeds done dirt cheap" (LP que perdi uns três anos depois). Bom negócio?
Hoje, lendo na coluna do Ancelmo Góis em O Globo sobre uma barraquinha da feira do livro, tive minhas dúvidas. Está lá: "A barraca (...) vende exemplares (...) da antiga revista Ele e Ela, ambos com Xuxa, nuinha. Valor da raridade: R$ 150 cada".
Desnecessário dizer quem estava na capa dessa revista Status, como veio ao mundo, e com um ensaio de 20 páginas. Ela mesmo, Maria da Graça Meneghel.
E o pior é que eu nem gosto tanto assim de AC/DC.

20 novembro, 2002

Boa causa
Crib Tanaka me envia email com uma campanha justa. Vou lá dar uns cliques. Quem puder ajudar, ótimo.
Não custa nada. O Site de câncer de mama está com problemas pois não têm o nº de acessos e cliques necessários para alcançar quota que lhes permite oferecer 1 mamografia gratuita diariamente a mulheres desprivilegiadas.
Demora menos de um segundo para ir ao site e clicar na tecla cor de rosa que diz "Free Fund Mammogram". Isto não custa nada e pelo nº diário de pessoas que clicam os patrocinadores (Avon, Tupperware,....) oferecem a mamografia em troca de publicidade.
Aqui está o Website:
http://www.thebreastcancersite.com

19 novembro, 2002

Uma série que promete
A repórter (e amiga deste blog) Isabela Bastos está com uma série de textos em seu Ludovico que promete muita diversão: "O Flu, esse jornal engraçado...". Ali Isabela promete contar todas as histórias deste jornal espetacular que é o Fluminense. O primeiro texto é sobre o arquivo, com seu Remílton e sua indefectível caneca. Isabela, porém, se esquece de mencionar um fato que me foi mostrado por um jornalista que hoje trabalha em uma revista de variedades: o arquivo de O Flu, entre outras coisas, possuía uma foto do presidente da Câmara dos Diretores Lojistas, Manoel Alves, quando bebê.
Porra, para que serve a foto do presidente da Câmara dos Diretores Lojistas ainda bebê?

Viva a nóia!
Eu curti muito esse site aqui ó: http://www.mensagemsubliminar.com.br/. Maneiríssimo. Para quem curte uma nóia, como eu, prato cheio. Aconselho a clicar no "Onde estão as mensagens", e ver o texto sobre o Marlboro. Sensacional. Se você fuma Marlboro, não leia pois vai se irritar.

Impagável
Mais uma vez, a lista de email do jornalista Carlos Alberto Teixeira nos privilegia com momentos sensacionais. Neste link, lhttp://www.iis.com.br/~cat/goldenlist/ragatanga.htm, tudo sobre a dança que está "tomando conta do mundo". Corram, que a ragatanga vem aí.

18 novembro, 2002

Desabafo colorado
Sensacional o texto publicado hoje no Só o ócio constrói sobre o drama do Internacional na luta contra o rebaixamento (luta bem sucedida para o Inter e mal para Botafogo, Palmeiras, Portuguesa e Gama). Vale a pena dar uma olhada.
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Olha, nunca uma crítica recebeu tantas respostas insatisfeitas quanto à que fiz à Syang. Aliás, vi no blog do Vicente Magno uma frase introdutória interessante: "Se você gostar do que ler aqui, ótimo. Se não gostar, siga seu caminho que eu sigo o meu". Hum, interessante mesmo. Será que muita gente reclama? Ou talvez a solução seja essa aqui. O cara desse blog diz: "No meu blog só falo eu". Bom, de qualquer maneira vou excluir a cantora (sic), guitarrista (sic) e modelo da minha pauta de textos.
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Praga de rubro-negro é forte: os dois times (Portuguesa e Palmeiras) que mais GARFARAM o Flamengo com arbitragens suspeitas nas rodadas finais foram os rebaixados. E que o Gama vá e não volte. Só fiquei definitivamente chateado com a queda do Botafogo. Um clube com a tradição do Alvinegro não merece um destino desses. Mas paciência.
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Mais um link que vou pedir para Marcele colocar na lista aí do lado: o do FlamengoNet, onde escreve o companheiro Juan Saavedra.
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Festa dos ex-JBs e, claro, dos atuais, marcada para dia 12 de dezembro, na SPIN. No dia 6, o bravo André Machado comemora seu aniversário no mesmo local.
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Frase do dia: "O Botafogo joga em função de seu craque. Só que o craque é o Carlos Germano" - Francinei Lucena.

16 novembro, 2002

Prazer cívico
Apesar de eu ter reclamado no início do concurso de blog do Ibest, por achar meio "egotrip", resolvi cumprir o dever cívico - que virou prazer - e votar.
Nada difícil adivinhar meus votos. Estão abaixo:
Você votou com sucesso!
Registramos seu voto na categoria iBest Blog no(s) site(s):
.Pensar Enlouquece. Pense Nisto. www.inagaki.blogger.com.br
Não é caldo maggi.blogspot.com

E de quebra, ainda votei na categoria site de esportes, no Flamengo.net, do rubro-negro Juan Saavedra, radicado em Curitiba mas tão ou mais fanático que qualquer torcedor do Rio.

Posts longos
É, o post abaixo sobre o Botafogo tá gigantesco. Foi mal aê. Eu fico falando de egotrip quando vejo o Ibest promover "concurso de blogs", bom, um texto desse tamanho é uma egotrip de LSD.

O Botafogo
Vivo dizendo isso: essa rivalidade entre Flamengo e Vasco - uma invenção do Eurico, pois não dá para rivalizar com clube que perde três finais seguidas para o meu time (1999/2000/2001) - é coisa nova, de quem tem menos de 30. Depois do Fla-Flu, claro, que é o clássico que tem o maior número de finais dramáticos (vide o gol de barriga, o Fla-Flu da Lagoa, os títulos 83/84 - infelizmente, todos com o tricolor em vantagem), o negócio do time da Gávea era com o Botafogo. Isso mesmo, com esse time folclórico, lendário, mítico, e de enorme tradição que pode ser, neste domingo, 17 de novembro, rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Meu pai viveu de perto os anos alvinegros, de Garrincha, Didi, Nilton Santos, Amarildo, Quarentinha e mais tarde Gérson, Jairzinho, Roberto Miranda. E sofreu muito, vendo o Flamengo perder duas finais por 3 a 0. Por isso, a rivalidade era grande - tanto que, em 1989, cinco anos depois dele ter nos deixado, eu e meu irmão víamos a final Flamengo x Botafogo com esse pensamento. Juiz apita o fim do jogo (1 a 0 para o Botafogo, aquele gol de Maurício, empurrando Leonardo), assim que o primeiro torcedor alvinegro pisa no gramado, um de nós desliga a TV e ele diz, petrificado: "AINDA BEM que papai não está vivo para ver isso". E eu concordei, entendendo a gravidade de um momento que só quem realmente gosta de futebol pode entender.
O pior de tudo - o que faria meu pai se decepcionar comigo, caso estivesse vivo: eu não consigo me sentir feliz com o rebaixamento do Botafogo. Para um rubro-negro de berço, como eu, é quase uma heresia dizer isso, mas a verdade é que todo mundo um dia já foi Botafogo na vida. Principalmente de três décadas para cá, quando o time passou a viver entre dias de sonho e anos de pesadelos. Todo mundo já acreditou um dia que teve a vida salva por um sortilégio, todo mundo já perdeu um dia, já sofreu por paixão - como sofrem os alvinegros - já se atirou de alegria em uma arquibancada por motivos fugazes.
E o Botafogo tem um pouco dessas coisas - uma esperança em coma, que nem vive nem morre, uma esperança que não é verde e, acima de tudo, é solitária. Olhe-se para a torcida do Botafogo, e se vê um grupo de pessoas unidas, torcendo, sofrendo, cantando em côro perfeito. Mas ao se olhar mais de perto, o que se vai ver é o maior bando de pessoas solitárias que se tem no futebol. O botafoguense não tem a identificação imediata entre eles apenas por causa do clube - rubro-negros, tricolores e vascaínos têm a capacidade de, num encontro qualquer, de desconhecidos, basta o time em comum para assaltado se entender com assaltante.
Já o botafoguense, não. Ele quer que o outro, além de torcer pelo Botafogo, prove que é botafoguense. Que é meio classe média com conta de luz atrasada, que tem saudades do Mendonça, que viu Cremílson em sonhos, que votaria em Nilton Santos para presidente da República.
O botafoguense é meio Nilton Santos, esse senhor de 75 anos que recentemente teve a memória aviltada com a eleição de Roberto Carlos como melhor lateral-esquerdo da história das Copas. Francamente, o que é um Roberto Carlos perto de Nilton Santos?
O Botafogo impõe respeito pela paixão da torcida, tudo bem. Mas há outras coisas impressas naquela camisa alvinegra que para mim ainda são indecifráveis. Por isso disse que o Botafogo é o mais brasileiro dos times - é só para o Botafogo que existe o ditado "tem coisas que só acontecem com o Botafogo". Com o Brasil é a mesma coisa.
O alvinegro de General Severiano tem história demais, transbordando - muito mais até do que o Santos de Pelé, ousaria dizer. Para mim, Carlito Rocha é o desempate na disputa entre os dois clubes, um com o Crioulo e outro com o Mané. Por isso o Botafogo traz na medula espinhal a memória de mil anos de vitórias sofridas, derrotas idem e resignações amargas. Um botafoguense está sempre esperando, como os brasileiros ao lado dos leitos de morte de seus ídolos (vide Tancredo e Mário Covas). O botafoguense muitas vezes tem o aspecto de perplexidade de quem acompanha um enterro há muito tempo esperado.
Antes disso, o botafoguense já sofreu, na maioria das vezes, não por futebol. Talvez por isso ele procure o Botafogo, por uma questão de identificação, de solidariedade. Não é qualquer um que pode ser Botafogo - podem reparar isso. Temos grandes idiotas torcendo pelos outros três clubes grandes do Rio. Mas quando se fala em Botafogo, o buraco é mais embaixo. Por tudo isso fiquei abismado quando o comentarista Falcão certa vez disse que o Palmeiras tinha mais tradição que o Botafogo - sinceramente, no dia em que isso acontecer o Tiririca se torna presidente da Academia Brasileira de Letras.
Bastaria para mim terminar dizendo que o Botafogo é o time de Paulo Mendes Campos, Sandro Moreyra, João Saldanha. Mas estes três, por mais grandiosos que sejam, ainda não absorvem toda a resignação e a paixão alvinegras.
Uma simples cena explica tudo: Morumbi, numa quarta-feira à noite, final do torneio RJ-SP de 2001. São Paulo X Botafogo, com os paulistas podendo perder por até três gols de diferença. O estádio tomado por eles. Era como no início de "Asterix" - toda a Gália está ocupada. Toda? Não, uma pequena aldeia resiste agora e sempre ao invasor.
Todo o Morumbi estava ocupado? Não, um pequeno grupo de botafoguenses resistia e haverá de resistir. Mesmo tendo tomado de quatro no jogo anterior, eles foram.
Isso é que faz a diferença no Botafogo. É o time da resistência, da tomada de posição até o fim, do "a guarda morre mas não se rende". E na maioria das vezes, a guarda morre.
O botafoguense, mesmo derrotado, sempre se orgulha de dizer "eu estava lá". É quase como se dissesse "eu não me rendi".
Neste domingo, portanto, talvez até meu pai evitasse secar o Botafogo. Jamais, jamais por pena ou coisa assim. Meu pai talvez, do alto de sua alma completamente rubro-negra, acharia absurdo um Brasileirão 2003 com Paysandu e Figueirense (já garantidos) e sem a camisa que teve Garrincha. Incoerência total.
Por tudo isso que escrevi, hoje e no ano passado (misturei dois textos), vou torcer para o Botafogo se manter na primeira divisão.
Mas sem exageros, sem excessos. Até hoje ainda não engoli aquele empurrão do Maurício no Leonardo em 1989.

Exemplo de discussão
Está lá, nos comments do post (no Blog da Cora Rónai) onde é discutido o abaixo-assinado a favor de colunistas de O Globo que estão sendo processados pela triste figura que é a governadora lamentavelmente eleita do Rio de Janeiro. Há argumentos seríssimos. Não vou publicar os nomes.
Os que argumentam contra o abaixo-assinado, na minha opinião, tem uma razão bem forte: de fato, parece incoerente fazer isso por colunistas consagrados de O Globo, se processos contra jornalistas são algo tão comum e nem por isso organizam abaixo-assinado toda hora. Mais sério ainda, para mim - e verdadeiramente um cerceamento - foi o lance do Correio Braziliense, pouco antes das eleições.
Mas ao mesmo tempo, penso que se isso puder ser estendido aos jornalistas em geral, ou seja, uma união dessa classe com salários tão díspares (aliás, uma das razões para a falta de união....), bom, seria um avanço. No mais, os argumentos da Cora, lembrando que o Garotinho até hoje mantém o Globo sob censura (contra a publicação das fitas que o incriminam), são bem concretos.
Um dos debatedores cai no terreno do "se", o que não é tão agradável.
Mas vamos ao debate:


Para quem ainda não se convenceu: isto aqui é o verdadeiro cerceamento à liberdade de imprensa e não essa briguinha de fundo de quintal entre a governadora eleita do Rio, Rosângela Matheus, e os colunistas d'O Globo. Deixem que a Justiça resolva a pendenga, publiquem seus RGs em algo mais significativo e esqueçam essa bobagem de abaixo-assinado. Na terra de Vladimir Putin o buraco é bem mais embaixo e a coisa é muito mais séria.
ZZZZZZZZZZZ
-Nov 14 2002, 02:14 am # e-mail homepage
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Penso com meus botões: E se fosse o Lula movendo um processo contra dona Miriam Leitão, que durante a campanha eleitoral foi uma das que mais criticaram um possível governo do PT na Presidência? Será que nesse caso colocariam a idéia do abaixo-assinado em prática? DU-VI-DO!!!
Faço esta pergunta porque, embora acredite na hipocrisia da sociedade, não acredito que alguém seja tão ingênuo a ponto de imaginar que o presidente recém-eleito ficará isento de críticas da imprensa durante os quatro anos de seu governo. Aí eu gostaria de ver como a plebe irá se comportar caso Lula Lá resolva abrir um processo contra a mesma turminha.
Para refrescar a memória: há três anos o mesmo Lula pediu à produção do programa Roda Viva, da TV Cultura, para que vetassem a participação do jornalista Luiz Maklouf Carvalho no rol de entrevistadores. Entendam o caso clicando neste link.
Conclusão: estão usando dois pesos e duas medidas, o que faz do blogverso tupiniquim uma uma grande e surpreendente piada. A idéia do abaixo-assinado é ridícula. Muito estardalhaço por nada.
-ZZZZZZZZZZZ
-Nov 10 2002, 03:43 am # e-mail homepage
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Cora,
Quanto à "visão romântica" do troféu judiciário, eu devo confessar que ainda sou um profissional romântico, que tenho ideais românticos acerca do jornalismo. É isto o que precisamente falta na imprensa do pensamento único. Seria bom que vocês fizessem um movimento de protesto contra TODOS, note bem, TODOS os processos fúteis movidos contra jornalistas menos célebres na redação. Se você passear pela sua redação, vai encontrar inúmeros jornalistas vilipendiados por processos aporrinhantes e frívolos que gostariam de ter alguém que por eles se sensibilizassem. No mais nada que a briosa equipe de advogados das organizações globo não tire de letra (que, convenhamos, as Organizações não são uma empresa comum assim). Quanto ao processo de Francis e Millor, infelizmente não posso julgar o mérito das sentenças. Não acompanhei os processos. Bem sei que no mundo há sentenças injustas. Mas há as justas também. E o falecido Paulo Francis teve que se entender com muita gente que se sentiu ofendida com seus escritos nada cândidos, o que é compreensível. Não que esta gente fosse assim mal humorada, mas é que paciência tem limite. Entre os articulistas do seu jornal, mais precisamente na página de Opinião, há um campeão em mover processos contra jornalistas competentes e a exigir direito de resposta à mera menção de seu nome, sem quaisquer adjetivos desabonadores. Vamos dar uma esculachada nele, Cora?
XXXXXXXXX
-Nov 10 2002, 03:06 am # homepage
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Cora, me desculpe, mas se a Petrobras moveu aquele processo monstruoso contra o Francis, não foi à toa, uma vez que o saudoso jornalista (a quem eu admirava e muito) tinha uma língua danada de solta e certamente estava ciente do que estava fazendo. Quem está na chuva é para se molhar.

-YYYYYYY
-Nov 10 2002, 03:06 am # e-mail homepage

Um processo não é motivo de escândalo, XXXXX. Motivo de escândalo é uma figura pública, como a governadora eleita (que, você há de convir, não é bem uma cidadã comum, como outra qualquer), sair processando as pessoas por qualquer dá cá aquela palha -- e com o seu, o meu, o nosso dinheiro.
Este tipo de atitude não cai bem em governantes. Ainda mais nessa família aí: não se esqueça de que os jornais estão proibidos de publicar a transcrição das fitas que comprometem o governador-consorte. Por que será?
Acho bacana esta tua confiança absoluta na "justiça", acho legal (em todos os sentidos) você ter ganho os seus processos, mas discordo radicalmente de você, inclusive nessa visão romântica do "troféu judiciário": eu vi o tanto de aporrinhação e desgaste que o Francis e o Millôr (para ficar em dois bons exemplos) passaram por causa de processos fúteis movidos por gente de quinta, e deixei de ver qualquer graça (ou mérito) nisso.
Cora
-Nov 10 2002, 02:20 am # homepage


Gente, não estou entendendo. É golpe publicitário de jornalistas? Eu que sou um repórter, da mais inferior das castas, já tive três processos em minha vida, todos devidamente ganhos por mim. E sempre soube que dentro da redação um processo era algo tão trivial como escovar os dentes (isso para quem fazia jornalismo, naturalmente). Por que agora o clamor? Dona Rosangela, como cidadã brasileira, tem o direito de processar quem ela quiser, até o autor desse comentário. Se ela vai ganhar são outros quinhentos. Estou realmente escandalizado com o fato de que agora processar alguém é motivo de escândalo. Parece patrulha. Isso normalmente acontece no segredo das redações e raramente deveria vir à tona, triviais que são os processos para os verdadeiros repórteres, como os agora acionados judicialmente. Eu até hoje guardo minhas sentenças ganhas como troféus da minha profissão. É assim que o processo sempre foi visto na cultura jornalística contemporanea. Muito barulho por nada.
P.S.: Eu votei na Benedita.
-XXXXXXXXXXl
-Nov 09 2002, 10:26 pm # homepage

15 novembro, 2002

Ah, em tempo
Um comentário tenho que registrar sobre as duas pessoas que comentaram abaixo discordando do post da Syang: são pessoas que colocaram nome, sobrenome, email, enfim, uma atitude elogiável, sem querer esconder nada. Aí fica difícil criticar, quando há essa honestidade.
Sem essas manias de usar pseudônimo, tipo o tal Valfrido Canavieira que entra aqui toda hora para fazer comentários que nada acrescentam. Agradeço, portanto, aos dois debatedores por esse comportamento.

Mudanças ótimas
Os Cadafalsos do camarada André Machado passaram por ampla reformulação, repaginação, diagramação, enfim, mudanças para muito melhor. Não que eles não fossem leitura obrigatória e diária, mas com essas mudanças, ficou mais agradável acessar. Eu pessoalmente gosto mais do Cadafalso 2, mas o Cadafalso 1 também é muito legal. Aliás, ambos festejaram um ano de existência. E em duas semanas, é o dono que vai se preparar para comemorar seus 40 anos de rock and roll. Festejemos, pois pois.

Uma discussão
Foi publicado abaixo o seguinte comentário:
lamento ter que discordar do comentário do Gustones, mas se ele permitir, pois senti que afeta a suscetilidade do rapaz opinões contrárias às suas (vide resposta pro Epaminondas), eu acho a Syang supersensual e muito linda, pois tive a oportunidade de vê-la pessoalmente em maio passado no Ecco Music. Gustanes, mais uma vez gostaria de dizer, que estamos numa democracia também de "gosto"...se vc não vê nada de especial na Syang, por que a verdade estaria com vc? Vamos deixar cada um ter sua própria opinião sobre mulheres, pois como já dizia minha avó, GOSTO NÃO SE DISCUTE. Vc está me parecendo um crente fundamentalista, tipo: só vc é dono na verdade. Se toca camarada, já que vc abriu pra comentáros de terceiros, deixa a gente falar o que na realidade achamos. Antes de terminar, gostaria de apenas concordar com o Julio acima, embora não fale francês, conheço a fábula da raposa, e, de repente, é isso mesmo...ou, ele já tá enjoado da Playboy e está querendo ver coisas diferentes...
Minha resposta:
Em nenhum momento eu disse que a verdade está comigo.
Seu comentário e o do Julio Cesar não "ferem minha suscetibilidade". São em tese ofensivos, pois tecem suposições a meu respeito sem vocês me conhecerem, só isso.´
Peço desculpas se vocês são amigos da moça, mas uma leitura mais atenta - o que não me pareceu o caso - vai revelar que a crítica é muito mais ao sistema de mídia que gera a Syang do que propriamente à pessoa dela.
Me surpreende, no entanto, que vocês achem que eu "não deixo alguém ser contrário".
Criei o espaço de comments exatamente para isso. A minha resposta ao Epaminondas Merru não teve nada de agressiva, porque é o pseudônimo de um grande amigo meu. Minha resposta foi só para ele, cifrada, pura brincadeira de quem até já trabalhou junto. Desnecessário usar minha resposta para ele como demonstração de uma suposta rejeição minha às discordâncias. E, numa boa, se eu tivesse rejeição às discordâncias dessa forma, não criaria sistema de comments nem declararia voto, religião, time de futebol, preferência musical, etc.
Eu não acho as uvas verdes ou coisa assim. Tenho hoje a mulher que eu quero ter para sempre, ao meu lado, e sempre evito criar ícones como esse que - muito democraticamente - vocês defendem no momento. Prefiro ícones como Schilling, que é sobrenome de uma pessoa que lutou contra a ditadura, foi presa política, morou no Uruguai, etc, isso é um ícone que vale a pena preservar.
Agora, resta a pergunta: se o lema "GOSTO NÃO SE DISCUTE" é colocado em letras tão garrafais, porque as mesmas pessoas entram no sistema de comments do blog para discutir o meu?
Bom, desde que essa discussão fique longe do terreno das ofensas pessoais (a jocosidade do comentário final, ele já tá enjoado da Playboy e está querendo ver coisas diferentes... não foi uma coisa legal), discutamos sempre, gosto, política, religião, time, tudo, tudo. Esta é a minha opinião.
Abraços e desculpem qualquer coisa.

14 novembro, 2002

Acabou a secada
O sonhozinho de vascaínos, tricolores e botafoguenses acabou nesta noite de quinta-feira. Flamengo permanece na primeira divisão.

Um cancioneiro dos bons
No canal Multishow, uma apresentação de Paul Simon, provavelmente relativa ao último CD do fantástico músico americano, "You are the one". Além da música multi-etnia que Paul vem mostrando desde "Graceland" (1986), uma pausa para a execução de alguns dos maiores sucessos dele na versão Simon & Garfunkel: as maravilhosas "Old Friends", "Homeward Bound" e "I am a rock". Sozinho ao violão, Paul mostra mais uma vez que suas canções são quase hipnóticas, e que no momento em que alguém sussurra em um violão os versos "I am sitting in a railway station/got a ticket for my destinantion...", o tempo deixa de ser relativo e passa a ser absoluto. Impossível chamar de velha uma música que envolve adolescentes, adultos, idosos, crianças, todos na platéia.
As palmas marcam o ritmo de "Homeward bound", que discorre sobre a angústia de desejar já estar voltando para casa nas viagens mais longas - quando se fica mais de três semanas viajando, bom, por pior que seja o seu lugar, aparece um desejo incompreensível de retornar a ele e ver se algo mudou. E se mudou sem que você precisasse estar lá para sofrer, como o enterro de um parente quando você está do outro lado do mundo e não dá tempo de ir. "Home, where my music´s playing, home", canta Paul, fazendo de tudo em volta um berço.
Igualmente geniais são os versos da espetacular "I am a rock", uma das minhas preferidas. Uma canção que fala de amargura, de desgosto, de quando você um dia quer dar o melhor de seu sentimento para o mundo, ou melhor ainda, somente para uma mulher, e recebe de volta um completo desprezo, ou pior ainda, a futilidade. Aí pinta aquele rancor, que Paul Simon traduz de forma inigualável:
"I am a rock/ I am an island/ I've built walls/A fortress deep and mighty/That none may penetrate/I have no need of friendship; friendship causes pain/It's laughter and it's loving I disdain/I am a rock, i am an island"
Um clássico, sem dúvida. Esse momento do show me lembrou muito um final de tarde em que o grande The Axe nos brindou, na casa do Botequim, com um recital, ao violão, de alguns dos maiores clássicos da dupla americana - "The Boxer", "American Tune", "Sounds of silence", "A heart in New York", foram algumas das músicas tocadas pelo André Machado, todas daquele antológico disco "Concert in Central Park", de 1981.
Um final de tarde daqueles em que, não importa por que fase você está passando, não importam os desgostos que você tenha, a sensação é a de que tudo vai ficar bem.

13 novembro, 2002

Raaaaaaise from your graaaaave
A febre passou, a onda de 25 espirros a cada dez minutos se foi (deixando marcas, chagas no nariz), a indisposição dá lugar a um ânimo novo. Ressuscitei. Agora, é trabalhar até de noite, pois espero estar escalado para fazer a grande "decisão" de logo mais entre meu time e o Palmeiras. Que o pesadelo acabe hoje, é o que eu espero. Se o Flamengo escapar da degola, não preciso de mais nenhum presente de Natal.

11 novembro, 2002

Piada mortal
Não é a melhor coisa para se ler quando se está como eu: dores no corpo, 38 de febre, coriza, espirros, etc. Mas é só para lembrar que o Spam Zine também é cultura - a dica é do companheiro Alexandre Inagaki: http://www.quatrocantos.com/humor/hnegro/neg01.htm, , um link só para piadas sobre a Indesejada.

Respirando
Uma vitória sobre o Palmeiras na quarta-feira e estarei respirando, saindo de um dos maiores pesadelos que já vivi. Talvez. Vamos ver.
Isso se eu melhorar da gripe que me atacou no fim de domingo. Por enquanto, 37 graus de febre e a perspectiva de faltar ao trabalho na segunda-feira. Haja limão, haja própolis, haja sessão da tarde. Só entende quem namora.

Não ser ou não ser, eis a questão
Syang tem aparecido na minha frente de diversas formas, nos últimos quatro dias. Primeiro, o ensaio ridículo na Playboy, que me fez decidir não renovar de maneira alguma minha assinatura dessa vez. Porra, você assina uma revista de mulher pelada e neguinho bota a Syang? Quem vê sensualidade, erotismo ou sedução na Syang só pode estar de sacanagem. Depois, zapeando na TV, vejo que a mina está em um programa da Rede TV (nem parei para ver de quem é) e logo depois tá no talk show do João Gordo.
Aí eu parei para ver. Claro, os diálogos foram de um primarismo absurdo. Syang pode se orgulhar de ser a primeira "guitarrista" do mundo a não saber direito qual seu gênero musical. "Rock", ela responderia, mesmo sabendo que hoje em dia nem Backstreet Boys seriam tão abrangentes. Ela confessa que fez sexo na Casa dos Artistas, e a impressão é a de que espera ganhar uma medalha de cada telespectador por isso. Aí o Gordo pergunta: "Mas você com aquele gêmeo lá que você namora, não periga confundir não, e um colocar o outro para te comer?", ela nega. Aí o Gordo continua: "É, até porque diziam que um deles seria viado, né?".
A resposta da Syang foi quase tatibitati. "Ah, falam isso porque eles são lindos, se eles estalarem o dedo, qualquer mulher vai, mesmo sendo casada, não interessa". Aí parei de ver e vim pro computador. Não dá para ver entrevista de quem pega a própria história e generaliza. Claro, Syang se dizia casada com o tal Daniel Sabá, e o corneou com o gêmeo. Agora, ela precisa dizer que todas as mulheres fariam isso, só porque ela sente assim?
Aí fiquei pensando: Syang tentou se lançar como escritora, mas é nítido que não é escritora, porque não sabe falar. Posa para a Playboy sem ser gostosa. Fica trepando na Casa dos Artistas sem ter sensualidade. Se diz guitarrista mas não é guitarrista em lugar algum desse planeta (vê-la tocar é constrangedor). Logo, é um caso incrível, de uma pessoa que é, mas sem ser. Tem sucesso relativo em todas essas atividades (afinal, ganha mídia), mas não é absolutamente nada disso.
Enfim, chegamos ao reino do Não-Ser.

Verbete novo
Cínico, ladrão, crápula, biltre, safado, filho da puta, bandido, marginal, irresponsável, merda, escroto, nojento, sem-vergonha, sacripanta, mau caráter, desgraçado, arrombado, débil mental, arruaceiro, corrupto, mal intencionado, aborto da natureza.
Se algum dia o caro leitor sentir vontade de chamar uma pessoa por todos esses adjetivos, seja econômico: chame apenas de Márcio Rezende de Freitas (ele mesmo, o pior juiz do Brasil), o significado é o mesmo.

09 novembro, 2002

E o inferno continua
Eu já havia dito: em setembro e até meados de outubro, de dois em dois dias um amigo ou conhecido meu perdia o emprego, na área de Jornalismo.
O inferno continuou ontem, sexta-feira, 8 de novembro: pelo menos 30 pessoas foram demitidas do portal Globonews.com.
A todos eles, desejo de sorte e que encontrem empregos melhores ainda. Não sei quem foi demitido ainda, mas a lista deve acabar sendo publicada aqui ou ali.

Nepotismo
Peço licença para publicar aqui artigo de minha prima, jovem estudante de Comunicação Social, mas que sabe milhões de vezes mais de cinema do que muito enganador por aí. O artigo saiu em um jornal de Barbacena, MG, por isso o filme de Fernando Meireles ainda "está em cartaz".
Está em cartaz na cidade o tão esperado Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, baseado na obra homônima de Paulo Lins. Tudo o que lhe for dito sobre a intensidade do filme é pouco perto do que você vai encontrar. Muitos críticos o vêm chamando "o renascimento, uma guinada no cinema brasileiro". Talvez porque de essencialmente brasileiro, o cinema feito em Cidade de Deus não tenha quase nada. O teor sim, é muito a nossa cara, muito perturbador, surpreendente e verídico.
E para dar esse tom de veracidade à história, quase todos os atores foram colhidos em ambientes de favelas: mesmo porque a ginga, os trejeitos e um linguajar de favelado são elementos inimitáveis. Cidade de Deus é um soco na cara e ao mesmo tempo injeta esperança na alma de quem acredita na redenção da arte. É um cinema inimitável e definitivo. Depois dele qualquer próximo filme sobre favelas vai ser furada. Há muito da técnica do novo cinema inglês e até do movimento Dogma 95 presentes em Cidade de Deus, é um filme com toques rebuscados mas sofisticado; sua aura entretanto é bem brasileira. O mais triste diferencial em assistir a um filme ultra-violento europeu e um ultra-violento nacional é saber que quase nada neste último é maquiado ou exagerado. São questões sociais o que se vê na tela, mas antes disso é a história de um grupo de pessoas que nasceram na Cidade de Deus, escreveram sobre isso e sobre muitos que nunca saíram de lá.
A realidade transcende a arte por diversas vezes; às vezes supera, às vezes elas se justapõem. Nenhum outro filme na história do cinema nacional se comprometeu com a ingrata façanha de descortinar tão apaixonadamente todas as etapas do crime organizado no país. Alguns como Lúcio Flávio, Lili Carabina, O Homem da Capa Preta e outros se concentravam em relatar jornalisticamente um mito ou um fato aleatório relativo ao crime. O mito em Cidade de Deus é o crime sedutor, a vida frágil desprotegida e a luta por ela, a perda gradativa de seu valor.
O filme começa com um tenso batuque nos situando na Cidade de Deus. Uma galinha prestes a ser degolada e ir pra churrasqueira escapa milagrosamente e foge por sua vida entre as sufocantes vielas do conjunto habitacional, que depois virou favela e é hoje certamente uma das maiores sucursais do inferno na terra. A galinha corre aflita numa das sequências mais legais do filme, e desde então nota-se como a luta pela vida em uma favela é permanente, seja você um soldado do tráfico, um vapor barato ou uma galinha.
O filme, à moda italiana, é inteiramente narrado por Buscapé, um menino preto pobre e azarado da favela que se apaixona por fotografia e descobre seu verdadeiro dom: ser fotojornalista.
Apesar do filme não ser nunca unilateral, não chover no molhado criticando o sistema e mostrar apenas analiticamente o alastramento da violência e a banalização das mortes, existe uma linha estreitíssima, mas existe, que vem a separar o mal como escolha e o mal como fardo. É pungente perceber como crianças vão se desumanizando, sendo sugadas para o lado criminoso, como vão sendo desenvolvidas gangues, vinganças e os pretextos que serviam de razão a prováveis sociopatas, que iniciaram então a onda de violência que hoje chega às raias de guerra civil. Cidade de Deus é dramático, mas não há espaço para reflexão durante o filme.
Entre sacadas legais, como o momento em que o clique da câmera de Buscapé se funde a um disparo de revólver, um dos grandes trunfos do filme é a glamourização cinematográfica desse alastramento, - apesar do cinema nacional não se livrar jamais da câmera inquieta e do celulóide granulado feito polaroid. Em Cidade de Deus a câmera é magistral, são olhos vidrados, o roteiro é inteligente e bem construído, os efeitos são simples e às vezes a atmosfera de videoclipe dá um tom menos documental, o que o faz cinema para todo mundo. Imagens estroboscópicas, trilha disco dancing, apenas a trilha incidental poderia ser mais pesada e envolvente. Cidade de Deus é duro mas indispensável. Deveria ser mostrado nas escolas primárias. Se você tem filhos, por menores que sejam, leve-os a assistir Cidade de Deus.
Ainda sobre Buscapé, é ele o autor do livro na vida real (e o que ali não é real?) e é quem nos dá a mão e com certo distanciamento nos conta nos mínimos detalhes o mundo cão na favela com nome de cidade onde o dono certamente jamais esteve.
Assim como o talentoso fotógrafo que esteve na hora certa, no local certo, se mostrou um predestinado mas na hora de publicar suas fotos se mostrou receoso em contar toda a verdade, o filme também fez suas escolhas, e não mostrou algumas verdades perigosas, como o apadrinhamento político do tráfico. É cinema verdade, mas certos vespeiros não cabe ao cinema cutucar. A polícia do Rio é retratada sempre como corrupta, mas isso a gente já está careca de saber, então se algumas verdades mostradas foram tão duras e indigestas, talvez algumas outras seja melhor mesmo nem se descobrir.
Algumas considerações
Aqui no Plaza
(Nota do Blog: shopping-center de Barbacena), onde, dos becos insólitos e incertos da Cidade de Deus vim direto para uma praça de alimentação histericamente iluminada (onde havia somente pessoas brancas sentadas sorrindo), foi um misto de choque e alívio me sentir segura, plasticamente envolvida por vitrines de shopping-center; mas a vida parece ter menos sentido e emoção aqui no mundo burocrático. Não sei quanto ao leitor, mas eu me senti mais segregada do que qualquer favelado e de mãos atadas diante do processo de degradação de um país. Só quem não tem coração ou consciência vai sair o mesmo depois de assistir a Cidade de Deus.
Daí fui ver o filme de novo, numa terça chuvosa e a platéia da cidade se comportava como se estivesse em casa, a maioria ria insensível como se fosse uma comédia corriqueira. No banheiro do cinema ouvi os comentários mais imbecis, que me fizeram refletir se a sociedade sente de fato o impacto que Cidade de Deus deveria causar. Não. Não sente. Sente a violência como fato isolado, e pelo menos ali, naquela sessão, muitos não conseguiam absorver a espetacular história da Cidade de Deus. E segui caminhando pra casa, com um certo enjôo, e ri à toa quando me lembrei da história de que o então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, mandou na década de 60 pintar todas as favelas de amarelo durante a visita de um presidente americano (acho que foi Eisenhower). E andei pelo centro da cidade certa de que não haveria nenhum tiroteio, nenhuma galinha e que o magro policial perto de mim deve ser honesto e de fato me defenderia de um ataque eventual.
A vida reta pareceu ter menos emoção sem tanto medo ou risco, e a mensagem principal que eu extraí do filme foi a da fuga desesperada pela sobrevivência. Percebi que precisamos proteger a vida a qualquer custo, resgatar seu valor, defender a vida em qualquer forma, eternizá-la em imagens, fotografias, e festejar diariamente sua dificuldade.

Festas? Bah!
Divulguei, mandei email, cheguei a pensar que teria uma nota no JB (não rolou), mas novamente a festa na Spin foi abaixo da expectativa. A grana deu para pagar a door, o táxi da ida, o táxi da volta e quatro cervejas - isso porque somente meus amigos mais próximos pintaram lá, e a festa ficou "família" total. Se não fossem eles, babau. Teria que desembolsar R$ 50 para a minha door, que por sinal é gente boníssima e não mereceria mesmo ficar na saudade.
Ah, sobraram R$ 10.
Festa agora, só em 6 de dezembro, do meu amigo The Axe, o André Machado, e talvez um pré-reveillon na sexta-feira 13. Mas vamos ver. Só sei que chega de perder sextas-feiras, daqui em diante só festa com parada certa.

Histórias de Dudo Hardy
Episódio de hoje: O Comandante
Dudo Hardy é o pseudônimo de um camarada meu desde os tempos de IACS/UFF, quando havia um bar do Arlindo, uma mesa de sinuca no meio da faculdade e muitas razões ideológicas para se matar aula. O cara é formado em publicidade, atualmente manja tudo sobre fotografia (principalmente as de mulheres seminuas), é ex-microempresário (tinha uma locadora de vídeos pornôs) e é formado ator pela Escola de Teatro Martins Pena. É ator dos bons, já tendo feito diversas pontas e participações em curtas, aberturas de novela, comercial e recentemente é o astro do filme GULA, que passará na série Sete Pecados Capitais das Grandes Cidades, no canal a cabo GNT. Aliás, o filme dele estará no canal nesta segunda, 11 de novembro, às 19h30. Não se pode perder.
Mas a coisa mais legal mesmo de Dudo Hardy é seu infindável repertório de histórias engraçadas e absurdas. Hoje, a primeira de uma série que publicarei sem a autorização dele:

O sujeito - amigo de Dudo - completamente sonso, ou maluco mesmo, foi para o alistamento militar. Passada a fase de simples cadastramento, começa a seleção dos recrutas, com base em exames físicos, médicos, psicotécnicos.
A cena é aquela que todo sujeito com mais de 18 anos conhece: um bando de homens pelados, enfileirados, cada um tendo que, por sua vez, expor um pouco mais as cavidades para a devida verificação do médico. Chega a vez do amigo sonso de Dudo, que abre a perna, levanta o saco escrotal, se agacha, o médico lá olhando, até aí tudo bem. O cara passa na boa no exame médico.
- Pode ir se apresentar ao comandante - diz o doutor, repetindo a ordem que dera a outros recrutas antes - estes, loucos para acabarem com a agonia, obedeciam de imediato, vestindo a roupa e indo bater, sozinho, um de cada um no gabinete do coronel.
Bom, pano na cena. Comandante está no gabinete, escrevendo na ficha do recruta anterior que acabou de sair, e com a cabeça abaixada para o papel diz, "o próximo". E entra o amigo de Dudo....completamente pelado! Isso mesmo, o cara simplesmente não se ligou que os outros recrutas se vestiam - CLARO - antes de entrar no gabinete do oficial de maior patente do quartel...
Dizem as más línguas que na hora em que o amigo de Dudo entrou pelado, provavelmente o comandante teria pensado: "Haja saco"....

07 novembro, 2002

SPIN - confirmação
Tenho recebido vários emails confirmando presença na Spin. Mas uma grande amiga me enviou um em tom ameaçador:
Marquei com minha prima XXXX, minha amiga YYYY e até mesmo a ZZZZZ...Vamos juntas, as quatro, na tentativa de alguma conseguir desencalhar (ahahah). Se a festa for uma merda, vamos te encher de porrada...
Bom, agora a festa tem que dar certo. Senão estou frito - afinal, Zé Otávio não poderá ir, ficarei colocando o som sozinho. Até lá!

04 novembro, 2002

Momento jabá
Enviei o abaixo para várias pessoas na noite de segunda, mas não custa repetir para dar uma forcinha por aqui:
Mudou o nome, mas no fundo é a mesma coisa. Morreu de vez a "Mate-me por favor"
Agora, a festa onde a gente bebe cerveja e ouve rock das décadas de 60/70/80/90/00, música negra, MPB e BRock se chama [JUNKIE BOX]
Segue o serviço:

Dia 8 de novembro, sexta-feira
JUNKIE BOX - A ex-danceteria Spin reabre como american bar com dois
ambientes, um deles com som do DJ Zé Otávio auxiliado por Gustavo.
Rock dos anos 60, 70, 80, 90 e 00, música negra, MPB, samba-rock e versões
inusitadas de clássicos da música pop.
Spin: Rua Teixeira de Melo, 21, Ipanema (quadra da praia)
Tel (21)
3813-4045/3813-4048
Entrada: R$ 5
Consumação: R$ 7
OBS:
Quer comemorar seu aniversário lá? Se você levar 50 pessoas ou mais, fechamos para você (muitos CONCORRENTES não fecham com exclusividade, apenas oferecem desconto e misturam seus convidados a outras pessoas)
E mais: fechamos para você em uma sexta ou sábado, dependendo da antecedência


Pois é, no email esqueci a palavra CONCORRENTES acima. Mas tá valendo. É sexta-feira que vem.

Dois casamentos e um funeral
Em um espaço de três meses, dois amigos vão se casar. Sem nomes, claro. Lista de casamento é complicada, jamais escreveria nada publicando os nomes dos caras que vão casar - vai que algum excluído da lista para a boca livre lê e aí se cria uma mágoa desnecessária. Para quem tem muitos amigos e pouco dinheiro, fazer uma lista de casamento deve ser algo tão desagradável quanto elaborar uma lista de demissões - com a diferença que o cara que exclui alguém da lista de um casamento com certeza sente mais dor do que aquele que consolida um passaralho (na maioria dos casos, claro).
Essa fartura de casamentos me fez notar que eu fui a poucos. Raramente sou convidados para casamentos. Não, ainda não caí na hipótese de que sou pé frio e que neguinho me evita por causa disso. Acho que na verdade é que os casamentos nos quais eu realmente gostaria de ir ainda não aconteceram.
O meu, por exemplo, se nenhum imprevisto antecipar ou adiar, será em 2004.
Casamento é um ritual que tem lá sua melancolia. Uma espécie de funeral em que o defunto fica magoado com quem só manda telegrama ao invés de ir pessoalmente - sem contar que ninguém pensa em cortar a grava do defunto nas ocasiões fúnebres de verdade.
Mas é neguinho em volta, "o cara não vai ser mais o mesmo" - ou seja, o cara, pelo menos do jeito que ele era, morreu. E quando pessoas muito queridas se casam, e rola todo aquele reencontro, existe a sensação de que estamos dentro de um filme que está acabando, e que uma época de nossa vida passou.
Mas aí, me veio à mente, quando eu voltava de ônibus: casar, quando os dois acertam a mão, é um achado. Só quem já ficou muito tempo profundamente sozinho como eu pode entender o significado de encontrar aquela com quem vai se casar. Muito tempo? Bom, entre o fim do namoro anterior e o dia em que encontrei Marcele se passaram exatos 14 meses.
Sim, casar é um achado. Às vezes, não percebemos isso, pois vemos as experiências fracassadas como exemplos, e tudo o mais. Mas quando se sente que encontramos aquela que pode ouvir as nossas coisas mais inconfessáveis (do tipo "Votei no FHC em 1994" ou "Eu fui fiscal do Sarney"), casar se torna um acontecimento de extraordinária importância, a celebração, sim, de uma época.
É como eu estava conversando outro dia, com um dos que vão se casar: "Em 1998, tudo foi muito alegre, mas foi como na Copa do Mundo: chegamos quase lá. Já 2002 levamos o penta, e chegamos lá: casamento, Copa, Lula Presidente". Enfim, como se não fosse mais final de filme, e sim, daqui para a frente, na nova maneira de ver as coisas,
um começo.

Depois do vendaval
Quem está acostumado a ver pelo menos um texto diferente por dia aqui nesse sítio deve ter estranhado a minha ausência. Bom, mais um pouco e eu ficaria dez vezes mais tempo, internado com uma estafa. A maratona começou na quinta-feira, 12h, que foi quando eu cheguei ao meu trabalho, no jornal. De lá, saí às 21h, para uma festa em Niterói, numa boate muito legal, um espaço sensacional, com diversos ambientes. Mas que tinha alguns defeitos: a localização, o uso normal (durante os outros dias é usada como boate gay) e o fato de que a festa para onde fui - levando CDs para trabalhar colocando som - não teve uma divulgação das mais profundas. Portanto, o lucro foi zero.
Valeu para reencontrar grandes amigos, tomar umas caipirinhas, e beleza. Mas acabei chegando cinco horas da matina em casa. Finalmente, dormi, acordei às 11h30 de sexta-feira, e saí voando para o trabalho. Fechei uma matéria de página inteira e saí (às 21h) correndo para a SPIN, onde iria colocar som na festa do Rodrigo Mattos. Foi o tempo de passar em casa e chegar na SPIN às 22h30. A festa foi ótima, mas os lucros, devido ao fato de meu sócio beber feito uma esponja, beiraram o zero. Acordei na segunda-feira sem um tostão furado.
Bom, mas ainda não é segunda-feira na minha cronologia. Depois da SPIN, fui dormir quase seis da manhã, e acordei às 13h, para mais um sábado de plantão e sofrimento (iria fazer Flamengo x Botafogo). Após o plantão, encontrei com Marcele, mas logo saímos para a casa de um casal de amigos fazer um programa estilo "filme de Woody Allen": vinho, pastas, biscoitinhos e casaizinhos.
Foi aí que a porra do horário de verão terminou o serviço: lá pelas tantas, olho o relógio e, ma che catzo, são QUATRO E MEIA DA MANHÃ e eu vou trabalhar! Como o tempo passou assim?
Claro, era o horário de verão, uma hora adiantado. Saí voando, dormi novamente até meio-dia, e saí para o jornal como se eu não tivesse dormido. Peguei uma matéria mais complicada, sobre a MP do Futebol, e ainda a crônica da pelada do Bacalhau contra o Palmeiras. Saí do jornal às 22h.
Para completar, uma baita de uma insônia me levou a dormir lá pelas três da manhã. Acordei, encontrei Marcele, mas já estava quase na hora de trabalhar.
E, enfim, estou aqui, no meu quarto, tentando rearrumar as coisas após o vendaval: contas a pagar, contas já pagas, convites a serem enviados, e principalmente uma boa desculpa para eu dar à loirinha Monica por eu ter falado a semana inteira que dia 2 era aniversário dela - mas não ter conseguido dar sequer um telefonema.